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terça-feira, 1 de junho de 2010

Preços de Produção

Prezados,

Confiram textos sobre preços de produção

Preços de Produção

Decréscimo relativo da parte variável do capital com o progresso da acumulação e da concentração que a acompanha (exemplo)

01/06/2010 10h16 - Atualizado em 01/06/2010 10h33

HP vai demitir 9 mil funcionários nos próximos anos
Medida faz parte de um plano de reestruturação da empresa de informática.
Corte é consequência dos 'ganhos de produtividade e automatização'.


Do G1, com agências*

A Hewlett-Packard, líder mundial do setor de informática, anunciou nesta terça-feira (1º) que cortará 9.000 postos de trabalho nos próximos anos, como parte de um plano de reestruturação da empresa. Os cortes, que devem gerar um custo de aproximadamente US$ 1 bilhão, refletem a integração da consultoria EDS, adquirida em maio de 2008 pela HP por US$ 13,9 bilhões.

A empresa espera investir um bilhão de dólares nos próximos anos em centros de dados completamente automatizados, o que segundo a HP permitirá aos clientes administrar seus negócios de maneira mais rápida e eficaz.

"Como consequência dos ganhos de produtividade e automatização, a HP prevê suprimir por volta de 9.000 postos de trabalho em vários anos para reinvestir no crescimento e aumentar o valor para os acionistas", afirma um comunicado do grupo.

A divisão Enterprise Services, que vem integrando as operações da EDS há cerca de 20 meses, passará por uma consolidação de data centers, plataformas de administração, redes, ferramentas e aplicações, informou a empresa.

Para financiar a restruturação, a HP informou que terá um custo aproximado de US$ 1 bilhão "ao longo de um período de vários anos que será adicionado a seus resultados de acordo com Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (GAAP na sigla em inglês)".

Com as mudanças, a empresa espera gerar uma economia bruta anual em torno de US$ 1 bilhão e líquida entre US$ 500 milhões e US$ 700 milhões, considerando reinvestimentos.

*Com informações da AFP e do Valor OnLine

Centralização de Capital (mais um exemplo)

Folha de São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br

Açúcar Guarani volta às compras e movimenta o setor sucroenergético

A reestruturação do setor de produção de álcool e de açúcar continua. O grupo Guarani anunciou ontem que adquiriu a usina Mandú, que tem potencial de moagem de 3,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Próxima à área de outras usinas da Guarani, a Mandú traz sinergia ao grupo, que pagou R$ 345 milhões pela empresa, localizada no noroeste de São Paulo.
A expansão da Guarani já era esperada, e deve continuar, uma vez que o grupo acabou de receber forte injeção de capital da Petrobras Biocombustível.
A empresa de petróleo passou a ter 49% de participação na Guarani, conforme parceria de R$ 2,2 bilhões celebrada entre a Tereos Internacional e a Petrobras.
Outra gigante do setor, a Cosan, anunciou na semana passada que também pode voltar às compras. Já a indiana Renuka ainda espera um acerto com a Equipav.

CANA

Produtor de álcool tem custo maior em maio
O valor médio da tonelada de cana foi de R$ 46,90 no mês passado para as usinas, conforme dados do Consecana. Um dos componentes que empurraram para cima essa média foram os bons resultados das exportações de açúcar branco. Com base em contratos antigos, ainda com preços elevados, o açúcar gerou receitas de R$ 60,70 por tonelada de cana. O problema fica para as usinas que só produzem álcool, que pagam R$ 46,90 por tonelada de cana e foram remuneradas em R$ 33,80 pela venda do álcool hidratado.

Trigo O plantio de trigo avança e atinge 85% no Paraná. Apesar dos preços atuais pouco remuneradores, os produtores acreditam na boa rentabilidade do produto e que o governo cumpra os preços mínimos. A área semeada deve ficar entre 1,1 milhão e 1,2 milhão de hectares, diz o analista José Pitoli.

Geada O frio aumentou e informações de possível geada nos próximos dias no Paraná preocupam os produtores de milho do oeste do Estado.

Imprecisão A leitura atual do mercado de soja é de "imprecisão" para o final de ano. Os fatores fundamentais de oferta e demanda permanecerão associados ao mercado financeiro. A avaliação é de Anderson Galvão, da consultoria Céleres.

Câmbio É importante para o produtor ficar atento às variáveis que formam os preços da soja, entre elas o câmbio, diz Galvão. Isso porque haverá estoques maiores do produto após safras recordes no Brasil e na Argentina e continuidade de boa produção nos EUA.

VENDA AOS EUA

Suspensão preocupa o setor de carne "in natura"
A suspensão de exportações de carne industrializada para os Estados Unidos pode retardar a aceitação da carne brasileira "in natura" naquele país. A preocupação é de Pedro Camargo Neto, pecuarista e presidente da Abipecs (setor de suínos). O problema deve vir mais de produtores e indústrias do que do governo, que já verificou a sanidade do produto brasileiro, diz ele. Para Camargo, "faltam explicações para o caso". Em busca dessas explicações, uma missão brasileira irá aos Estados Unidos na próxima semana.

Regras "As questões de sanidade têm de ter regras claras e ser seguidas por todos. Elas se tornaram um pouco empíricas e cada um faz a exigência que quer", afirmou ontem, em Buenos Aires, o ministro Wagner Rossi. Ele se referia às recentes exigências dos Estados Unidos e da Rússia no setor de carne bovina.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Centralização de Capitais - Potencial do setor [etanol] deve acelerar processo de fusão de empresas

São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2010

JOSÉ CARLOS GRUBISICHESPECIAL PARA A FOLHA

O setor bioenergético brasileiro passa por importante transformação. A produção de etanol a partir da cana-de-açúcar -energia limpa, renovável e competitiva- está na agenda global de sustentabilidade e traz um cenário novo, promissor e positivo.Prova disso é a chegada de novos "players", como grandes operadores agrícolas e empresas petrolíferas.Desde 2008, vê-se operações emblemáticas de redesenho do setor, como as associações entre a Cosan e a NovaAmerica, a francesa Louis Dreyfus e a Santelisa Vale, seguida por Bunge e Moema, Shell e Cosan e pela combinação de ativos da ETH Bioenergia com a Brenco. Sem falar na recente negociação entre Petrobras e Açúcar Guarani.Esse movimento deve se intensificar, com a consolidação de empresas com escala, tecnologia e grande capacidade de investimentos e confirma a atratividade do negócio e o forte potencial de crescimento do mercado internacional para esse combustível.A civilização do petróleo cede espaço para fontes de energia limpas e renováveis, graças ao reconhecimento de que estas últimas reduzem as emissões de CO2 e provocam efeitos positivos no clima.Além disso, a produção brasileira de etanol traz ganhos expressivos de competitividade, com melhor eficiência nas áreas agrícola e industrial.O mundo reconhece que a tecnologia brasileira para a produção de energia de biomassa é uma das soluções para um mercado competitivo e sustentável.O recente reconhecimento da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, de que o etanol de cana-de-açúcar é um combustível avançado, e a aprovação, pelo Conselho de Qualidade do Ar do Estado da Califórnia (Carb), da regulamentação do Padrão de Combustível de Baixa Emissão de Carbono (LCFS) devem beneficiar a entrada do etanol brasileiro nos EUA.A LCFS torna obrigatória, na Califórnia, a redução em 10% das emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, até 2020.O Japão também vê no etanol de cana-de-açúcar uma solução para reduzir a emissão de CO2 e sua dependência em relação a combustíveis fósseis. O governo japonês trabalha em um projeto para aumentar para até 10% a mistura de etanol na gasolina até 2020, o que criaria um mercado potencial de até 6 bilhões de litros para o etanol produzido no Brasil.Essa transformação no cenário internacional pode abrir uma nova fase de crescimento para os investimentos no setor, estimados em R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos, além de gerar empregos qualificados.Chegou o momento de vencer as restrições comerciais internacionais e levar a discussão da produção de etanol para a agenda energética mundial.

JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia.


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2805201013.htm

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Concorrência entre capitais (C x C) com base na inovação

26/05/2010-16h45

Apple supera a Microsoft e se torna a maior empresa de tecnologia


A Apple, fabricante do IPod, IPhone e IPad, ultrapassou a gigante Microsoft nesta quarta-feira e se tornou a maior companhia de tecnologia em valor de mercado, segundo informações do "The New York Times".

As ações da Apple encerraram o dia em queda de 0,45%, dando a empresa um valor de mercado--o número de ações multiplicado por seu valor-- de US$ 222,07 bilhões. Já as ações da Microsoft caíram cerca de 4,07% e a empresa ficou estimada em US$ 219,18 bilhões.

Segundo o jornal, a mudança de liderança é uma das maiores "reviravoltas na história dos negócios", uma vez que a Apple era dada quase como acabada há uma década.

"É a reviravolta mais importante que eu vi ocorrer no Vale do Silício [centro da tecnologia nos EUA]", afirmou Jim Breyer, um investidor de risco.

O valor da ação da Apple é dez vezes maior que há dez anos, quando a empresa começou a lucrar com a revolução que gerou no setor de eletrônicos com produtos estilosos como iPod, iPhone e notebooks MacBook.

Já a Microsoft, que produz o sistema operacional usado em 90% dos computadores do mundo, o Windows-- não conseguiu o mesmo sucesso para suas ações. Suas ações caíram cerca de 18% na comparação com o preço de 10 anos atrás.

A Apple, que teve dificuldade durante muitos anos para popularizar seus produtos, aceitou um investimento de US$ 150 milhões da Microsoft em 1997 para se manter.

A Apple é agora a segunda maior empresa entre as companhias que integram o índice Standard & Poor's 500 em valor de mercado, atrás apenas do grupo de energia Exxon Mobil.

Com a Reuters

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/741126-apple-supera-a-microsoft-e-se-torna-a-maior-empresa-de-tecnologia.shtml

Centralização de Capitais

São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2010


Carlos Slim vai fundir Embratel e Claro
Dono das duas empresas quer consolidar suas operações e gerar economia para enfrentar a concorrência futura


Negócio deverá ser concretizado em dois meses; junção deve gerar até 30% de economia de custo
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

O bilionário mexicano das telecomunicações Carlos Slim decidiu fundir a Embratel (telefonia fixa) e a Claro (telefonia móvel).
A Folha apurou que a mudança ocorrerá em dois meses, no máximo, e que o atual presidente da Embratel, José Formoso Martínez, deverá assumir a nova empresa.
O negócio também depende de aprovação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Há outros nomes na disputa pelo comando da nova companhia, como o do presidente da Claro, João Cox. Mas Slim prefere Martínez.
A reestruturação do grupo do empresário mexicano no Brasil é reflexo de uma mudança que começou no exterior. Em janeiro, a América Móvil comprou a Carso, holding que controla a Telmex México e Internacional. Todas elas são de Slim.
Essa modificação acionária entre as empresas já tinha colocado Embratel, Claro e parte da Net debaixo do guarda-chuva da América Móvil.
Agora, Slim quer consolidá-las em uma única empresa no país, a América Móvil, para ganhar eficiência e reduzir gastos.
Cálculos iniciais indicam que a sinergia (economia de custo) entre as duas operadoras poderia ficar entre 20% e 30%, acima da média.
A Oi disse que teria sinergia de 20% na compra da Brasil Telecom, mas ainda não atingiu essa meta. A TIM teve 15% com a Intelig. A Vivo passou a economizar R$ 1 bilhão por ano após a integração acionária de suas operadoras.
Com a fusão entre Claro e Embratel, será possível ampliar o compartilhamento de infraestrutura e oferecer pacotes de telefonia integrados.
Também será mais fácil conseguir crédito com juros mais baixos devido ao porte da nova companhia.

CONSOLIDAÇÃO
A Folha apurou com pessoas próximas a Slim que o empresário mexicano está descontente com os resultados exibidos pelo grupo no Brasil e decidiu reestruturá-lo para enfrentar a concorrência da Vivendi, da Telefónica e da Portugal Telecom.
Esses grupos deverão ficar mais agressivos, principalmente na telefonia celular, a partir de 2011. Os franceses, por exemplo, estão com apetite para levar as frequências de 3G que serão leiloadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ainda neste ano.
Os resultados das empresas de Slim no Brasil são considerados positivos pelos analistas, mas ele quer mais.
A Claro, por exemplo, ultrapassou a TIM em clientes, mas ainda não conseguiu partir para cima da Vivo. A Net lidera em seu ramo, mas os dividendos não podem ser apropriados integralmente.
Isso porque, pela lei do cabo -que regula os negócios da Net-, estrangeiros só podem deter 49% das empresas do ramo no país. Hoje quem controla a Net é a Globo.

TV PAGA
A Folha apurou que está nos planos da América Móvil adquirir o controle da Net. Para isso, é preciso que o Congresso Nacional aprove o PL 29, projeto de lei que permitirá a presença de estrangeiros como controladores de empresas de telecomunicações no país.
As chances de isso ocorrer neste ano são remotas. Além disso, as empresas de TV paga fazem pressão contra a votação desse projeto, que também permitirá a entrada das teles no mercado de TV paga.
Elas querem que sejam impostas restrições à atuação das operadoras de telefonia nesse negócio.
Caso o PL 29 seja aprovado, Slim pretende fechar o capital da Net e colocá-la sob o guarda-chuva da América Móvil. Dessa forma, seria possível oferecer pacotes "quadriple-play" (telefonia fixa, móvel, internet e TV paga) e ganhar mercado.
Consultadas, as empresas envolvidas negaram-se a comentar o assunto.


fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2605201002.htm

Lei Geral da Acumulação - Síntese

Objetivo do capítulo: tratar da influência que o crescimento do capital exerce sobre o destino da classe trabalhadora

Categorias chaves: a composição do capital e sua participação no processo de acumulação

Premissas:
i)a composição do capital tem de ser compreendida em duplo sentido. Da perspectiva de valor (capital constante e variável) – composição valor; e da perspectiva da matéria (força de trabalho e meios de produção) - composição técnica;
ii)os numerosos capitais aplicados individuais aplicados em determinado ramo de produção têm entre si composição diferenciada. A média de suas composições individuais dá-nos a composição do capital global desse ramo da produção. Por fim, a média global das composições médias de todos os ramos da produção dá-nos a composição do capital social de um país, e apenas dessa é que, em última instância, há de se falar em seguida;

Constituição do capítulo: 1 – Demanda crescente de força de trabalho com a acumulação, com composição constante do capital;
a) determinada massa de meios de produção ou de capital constante requer, sempre, a mesma massa de FT para ser posta em movimento → cresce a demanda de trabalho e o fundo de subsistência dos trabalhadores proporcionalmente ao capital, e tanto mais rapidamente quanto mais cresce o capital;
b)salários maiores para os trabalhadores resulta em ampliação do consumo, das condições de bem de estar e , até, a possibilidade de constituir um pequeno fundo de reserva em dinheiro. Mas tais condições não superam a relação de dependência e a exploração do assalariado;
c) o aumento de trabalho significa, no melhor dos casos, apenas diminuição quantitativa do trabalho não pago que o trabalhador tem de prestar. Essa diminuição nunca pode ir até o ponto em que ela ameace o próprio sistema;
d)Caso o aumento do trabalho comprometa a acumulação, esta decresce. Mas, com seu decréscimo desaparece a causa do seu decréscimo, ou seja, a desproporção entre capital e força de trabalho explorável
e)A grandeza da acumulação é a variável independente; a grandeza do salário, a dependente, e não o contrário;

2 – Decréscimo relativo da parte variável do capital com o progresso da acumulação e da concentração que a acompanha;
a) o desenvolvimento social da produtividade do trabalho social se torna a mais poderosa alavanca da acumulação;
b) o acréscimo dos meios de produção implica no decréscimo da massa de trabalho proporcionalmente (mudança na composição técnica);
c) diferença entre concentração e centralização de capitais;
d) concorrência e crédito as duas mais poderosas alavancas da centralização

3 – Produção progressiva de uma superpopulação relativa ou exército industrial de reserva;
a) com o decréscimo relativo de sua componente variável, aparece inversamente com o crescimento absoluto da população trabalhadora sempre mais rápido do que do capital variável ou de seus meios de ocupação;
b) em todas as esferas, o crescimento da parte variável do capital, e portanto do número de trabalhadores ocupados, está sempre ligado a fortes flutuações e à produção transitória de superpopulação, quer assuma esta agora a forma mais notável de repulsão de trabalhadores já ocupados, quer a menos aparente, mas não menos efetiva, de absorção dificultada da população trabalhadora adicional pelos canais costumeiros;
c) salário x exército industrial de reserva

4 – Diferentes formas de existência da superpopulação relativa.
a) A superpopulação relativa existe em todos os matizes possíveis. Todo trabalhador faz parte dela durante o tempo em que está desocupado parcial ou inteiramente. De uma forma geral ela possui três formas: líquida (fluente), latente e estagnada.

a.1) superpopulação relativa líquida (fluente)
no centro da indústria moderna os trabalhadores são ora repelidos, ora atraídos em maior proporção, de modo que, ao todo, o número de ocupados cresce, ainda que em proporção sempre decrescente em relação à escala da produção. - Trabalhadores em idade ativa para o trabalho;

a.2) superpopulação relativa latente
Parte da população rural encontra-se continuamente na iminência de transferir-se para o proletariado urbano ou manufatureiro (…) fluxo constante para as cidades pressupõe uma contínua superpopulação latente no próprio campo, cujo volume só se torna visível assim que os canais de escoamento se abram excepcionalmente de modo amplo

a.3) superpopulação relativa estagnada
ocupações completamente irregular. Ela proporciona ao capital um reservatório inesgotável de FT disponível. Sua condição de vida cai abaixo do nível normal médio da classe trabalhadora, e exatamente isso faz dela uma base ampla para certos ramos de exploração do capital . É caracterizada pelo máximo do tempo de serviço e mínimo de salário. Sob a rubrica do trabalho domiciliar, já tomamos conhecimento de sua principal configuração. Ela absorve continuamente os redundantes da grande indústria e da agricultura e notadamente também de ramos indústriais decadentes, em que o artesanato é vencido pela manufatura e esta última pela produção mecanizada. Este tipo de população constitui, também, um elemento auto-reprodutor e auto-perpetuador da classe operária, que tem participação proporcionalmente maior em seu crescimento do que os demais elementos

pauperismo
Abstraindo vagabundos, deliquentes, prostitutas, essa camada social consiste em 3 categorias. Primeiro os aptos para o trabalho.
Segundo os órfãos e crianças indigentes
Terceiro os degradados, maltrapilhos, incapacitados para o trabalho
O pauperismo constitui o asilo para inválidos do exército ativo de trabalhadores e o peso morto do exército industrial de reserva. Sua produção está incluída na produção da superpopulação relativa, sua necessidade na necessidade dela, e ambos constituem uma condição de existência da produção capitalista e do desenvolvimento da riqueza. Ele pertence aos falsos custos da produção capitalista que, no entanto, o capital sabe transferir em grande parte de si mesmo para os ombros da classe trabalhadora e da pequena classe média
Quanto maiores a riqueza social, o capital em funcionamento, o volume e a energia de seu crescimento, portanto, também a grandeza absoluta do proletariado e a força produtiva de seu trabalho, tanto maior o exército industrial de reserva.
A lei geral da acumulação capitalista ocasiona uma aumulação de miséria correspondente à acumulação de capital. A acumulação da riqueza num pólo é, portanto, ao mesmo tempo, a acumulação da miséria, tormento de trabalho, escravidão, ignorância, brutalização e degradação moral no pólo oposto, isto é, do lado da classe que produz seu próprio produto como capital.

Crise ecológica, capitalismo, altermundialismo:um ponto de vista ecossocialista



Michael Löwy


Meio Ambiente| 24/05/2010 |



Os ecologistas se enganam se crêem poder abrir mão da crítica de Marx ao capitalismo: uma ecologia que não leve em conta a relação entre “produtivismo” e lógica do lucro está destinada ao fracasso – ou pior, à sua recuperação pelo sistema. Os exemplos não faltam... A ausência de uma postura anticapitalista coerente levou a maior parte dos partidos verde europeus – França, Alemanha, Itália, Bélgica – a tornar-se simples parceiro “ecoreformista” da gestão social-liberal do capitalismo pelos governos de centro-esquerda. O artigo é de Michael Löwy e integra o n° 14 da revista Margem Esquerda.


Grandezas e limites da ecologia

A grande contribuição da ecologia foi e continua sendo nos fazer tomar consciência dos perigos que ameaçam o planeta como consequência do atual modelo de produção e consumo. O crescimento exponencial das agressões ao meio ambiente e a ameaça crescente de uma ruptura do equilíbrio ecológico configuram um quadro catastrófico que coloca em questão a própria sobrevivência da vida humana. Estamos diante de uma crise de civilização que exige mudanças radicais.

Os ecologistas se enganam se crêem poder abrir mão da crítica marxiana do capitalismo: uma ecologia que não leve em conta a relação entre “produtivismo” e lógica do lucro está destinada ao fracasso – ou pior, à sua recuperação pelo sistema. Os exemplos não faltam... A ausência de uma postura anticapitalista coerente levou a maior parte dos partidos verde europeus – França, Alemanha, Itália, Bélgica – a tornar-se simples parceiro “ecoreformista” da gestão social-liberal do capitalismo pelos governos de centro-esquerda.

Considerando os trabalhadores irremediavelmente destinados ao produtivismo, alguns ecologistas ignoram/descartam o movimento operário e inscrevem em suas bandeiras: “nem esquerda, nem direita”.

Ex-marxistas convertidos à ecologia declaram apressadamente “adeus à classe operária” (André Gorz), enquanto outros autores (Alain Lipietz) insistem na necessidade de abandonar o “vermelho” – isto é, o marxismo ou o socialismo – para aderir ao “verde”, novo paradigma que trará uma resposta a todos os problemas econômicos e sociais.

O ecossocialismo
O que é então o ecossocialismo? Trata-se de uma corrente de pensamento e ação ecológicos que toma como suas as aquisições fundamentais do marxismo – ao mesmo tempo que se livra de seus entulhos produtivistas.

Para os ecossocialistas a lógica do mercado e do lucro – bem como aquela do defunto do autoritarismo burocrático, o “socialismo real” – são incompatíveis com as exigências de preservação do meio ambiente. Ao mesmo tempo que criticam a ideologia das correntes dominantes do movimento operário, eles sabem que os trabalhadores e suas organizações são uma força essencial para uma transformação radical do sistema e para a construção de uma nova sociedade socialista e ecológica.

Essa corrente está longe de ser politicamente homogênea, mas a maior parte de seus representantes compartilha alguns temas. Rompendo com a ideologia produtivista do progresso – em sua forma capitalista e/ou burocrática – e oposta à expansão ao infinito de um modo de produção e consumo destruidor da natureza, o ecossocialismo representa uma tentativa original de articular as ideias fundamentais do socialismo marxista com as contribuições da crítica ecológica.

O raciocínio ecossocialista se apoia em dois argumentos essenciais:

1) o modo de produção e consumo atual dos países capitalistas avançados, fundado sobre uma lógica de acumulação ilimitada (do capital, dos lucros, das mercadorias), desperdício de recursos, consumo ostentatório e destruição acelerada do meio ambiente, não pode de forma alguma ser estendido para o conjunto do planeta, sob pena de uma crise ecológica maior. Segundo cálculos recentes, se o consumo médio de energia dos EUA fosse generalizado para o conjunto da população mundial, as reservas conhecidas de petróleo seriam esgotadas em 19 dias. Esse sistema está, portanto, necessariamente fundado na manutenção e agravamento da desigualdade entre o Norte e o Sul;

2) de qualquer maneira, a continuidade do “progresso” capitalista e a expansão da civilização fundada na economia de mercado – até mesmo sob esta forma brutalmente desigual – ameaça diretamente, a médio prazo (toda previsão seria arriscada), a própria sobrevivência da espécie humana, em especial por causa das consequências catastróficas da mudança climática.

A racionalidade limitada do mercado capitalista, com seu cálculo imediatista das perdas e lucros, é intrinsecamente contraditória com uma racionalidade ecológica, que leve em conta a temporalidade longa dos ciclos naturais.

Não se trata de opor os “maus” capitalistas ecocidas aos “bons” capitalistas verdes: é o próprio sistema, fundado na competição impiedosa, nas exigências de rentabilidade, na corrida pelo lucro rápido, que é destruidor dos equilíbrios naturais. O pretenso capitalismo verde não passa de uma manobra publicitária, uma etiqueta buscando vender uma mercadoria, ou, no melhor dos casos, uma iniciativa local equivalente a uma gota-d’água sobre o solo árido do deserto capitalista.

Contra o fetichismo da mercadoria e a autonomização reificada da economia pelo neoliberalismo, o que está em jogo no futuro para os ecossocialistas é pôr em prática uma “economia moral” no sentido dado por Edward P. Thompson a este termo, isto é, uma política econômica fundada em critérios não monetários e extraeconômicos: em outras palavras, a reconciliação do econômico no ecológico, no social e no político.

As reformas parciais são totalmente insuficientes: é preciso substituir a microrracionalidade do lucro pela macrorracionalidade social e ecológica, algo que exige uma verdadeira mudança de civilização . Isso é impossível sem uma profunda reorientação tecnológica, visando a substituição das fontes atuais de energia por outras não poluentes e renováveis, como a eólica ou solar . A primeira questão colocada é, portanto, a do controle sobre os meios de produção e, principalmente, sobre as decisões de investimento e transformação tecnológica, que devem ser arrancados dos bancos e empresas capitalistas para tornarem-se um bem comum da sociedade.

Certamente, a mudança radical se relaciona não só com a produção, mas também com o consumo. Entretanto, o problema da civilização burguês-industrial não é – como muitas vezes os ecologistas argumentam – “o consumo excessivo” pela população e a solução não é uma “limitação” geral do consumo, sobretudo nos países capitalistas avançados. É o tipo de consumo atual, fundado na ostentação, no desperdício, na alienação mercantil, na obsessão acumuladora, que deve ser colocado em questão.

Ecologia e altermundialismo
Sim, nos responderão, é simpática essa utopia, mas por enquanto é preciso ficar de braços cruzados? Certamente não! É preciso lutar por cada avanço, cada medida de regulamentação, cada ação de defesa do meio ambiente. Cada quilômetro de estrada bloqueado, cada medida favorável aos transportes coletivos é importante; não somente porque retarda a corrida em direção ao abismo, mas porque permite às pessoas, aos trabalhadores, aos indivíduos se organizar, lutar e tomar consciência do que está em jogo nesse combate, de compreender, por sua experiência coletiva, a falência do sistema capitalista e a necessidade de uma mudança de civilização.

É nesse espírito que as forças mais ativas da ecologia estão engajadas, desde o início, no movimento altermundialista. Tal engajamento corresponde à tomada de consciência de que os grandes embates da crise ecológica são planetários e, portanto, só podem ser enfrentados por uma démarche resolutamente cosmopolítica, supranacional, mundial. O movimento altermundialista é sem dúvida o mais importante fenômeno de resistência antisistêmica do início do século XXI.

Essa vasta nebulosa, espécie de “movimento dos movimentos” que se manifesta de forma visível nos Fóruns Sociais – regionais e mundiais – e nas grandes manifestações de protesto – contra a Organização Mundial do Comércio (OMC), o G8 ou a guerra imperial no Iraque – não corresponde às formas habituais de ação social ou política. Ampla rede descentralizada, ele é múltiplo, diverso e heterogêneo, associando sindicatos operários e movimentos camponeses, ONGs e organizações indígenas, movimentos de mulheres e associações ecológicas, intelectuais e jovens ativistas. Longe de ser uma fraqueza, essa pluralidade é uma das fontes da força, crescente e expansiva, do movimento.

Pode-se afirmar que o ato de nascimento do altermundialismo foi a grande manifestação popular que fez fracassar a reunião da OMC em Seattle, em 1999. A cabeça visível desse combate era a convergência surpreendente de duas forças: turtles and teamsters, ecologistas vestidos de tartarugas (espécie ameaçada de extinção) e sindicalistas do setor de transportes. Portanto, a questão ecológica estava presente, desde o início, no coração das mobilizações contra a globalização capitalista neoliberal. A palavra de ordem central desse movimento, “o mundo não é uma mercadoria”, visa também, evidentemente, o ar, a água, a terra, isto é, o ambiente natural, cada vez mais submetido aos ditames do capital.

Podemos afirmar que o altermundialismo comporta três momentos: 1) o protesto radical contra a ordem existente e suas sinistras instituições: o FMI, o Banco Mundial, a OMC, o G8; 2) um conjunto de medidas concretas, propostas passíveis de serem imediatamente realizadas: a taxação dos capitais financeiros, a supressão da dívida do Terceiro Mundo, o fim das guerras imperialistas; 3) a utopia de um “outro mundo possível”, fundado sobre valores comuns como liberdade, democracia participativa, justiça social e defesa do meio ambiente.

A dimensão ecológica está presente nesses três momentos: ela inspira tanto a revolta contra um sistema que conduz a humanidade a um trágico impasse, quanto um conjunto de propostas precisas – moratória sobre os OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), desenvolvimento de transportes coletivos gratuitos –, bem como a utopia de uma sociedade vivendo em harmonia com os ecossistemas, esboçada pelos documentos do movimento. Isso não quer dizer que não existam contradições, fruto tanto da resistência de setores do sindicalismo às reivindicações ecológicas, percebidas como uma “ameaça ao emprego”, quanto da natureza míope e pouco social de algumas organizações ecológicas. Mas uma das características mais positivas dos Fóruns Sociais, e do altermundialismo em seu conjunto, é a possibilidade do encontro, debate, diálogo e da aprendizagem recíproca de diferentes tipos de movimentos.

É preciso acrescentar que o próprio movimento ecológico está longe de ser homogêneo: é muito diverso e contem um espectro que vai desde ONGs moderadas habituadas ao lobby como forma de pressão, até os movimentos combativos inseridos num trabalho de base militante; da gestão “realista” do Estado (no nível local ou nacional) às lutas que colocam em questão a lógica do sistema; da correção dos “excessos” da economia de mercado às iniciativas de orientação ecossocialista.

Essa heterogeneidade caracteriza, diga-se de passagem, todo o movimento altermundialista, mesmo com a predominância de uma sensibilidade anticapitalista, sobretudo na América Latina. É a razão pela qual o Fórum Social Mundial, precioso lugar de encontro – como explica tão bem nosso amigo Chico Whitaker – onde diferentes iniciativas podem fincar raízes, não pode se tornar um movimento sociopolítico estruturado, com uma “linha” comum, resoluções adotadas por maioria etc.

É importante sublinhar que a presença da ecologia no “movimento dos movimentos” não se limita às organizações ecológicas – Greenpeace, WWF, entre outras. Ela se torna cada vez mais uma dimensão levada em conta, na ação e reflexão, por diferentes movimentos sociais, camponeses, indígenas, feministas, religiosos (Teologia da Libertação).

Um exemplo impressionante dessa integração “orgânica” das questões ecológicas por outros movimentos é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que, com seus camaradas da rede internacional Via Campesina, é um dos pilares do Fórum Social Mundial e do movimento altermundialista. Hostil desde sua origem ao capitalismo e sua expressão rural, o agronegócio, o MST integrou cada vez mais a dimensão ecológica no seu combate por uma reforma agrária radical e um outro modelo de agricultura. Durante a celebração do vigésimo aniversário do movimento, no Rio de Janeiro em 2005, o documento dos organizadores declarava: nosso sonho de “um mundo igualitário, que socialize as riquezas materiais e culturais”, um novo caminho para a sociedade, “fundado na igualdade entre os seres humanos e nos princípios ecológicos”.

Isto se traduziu nas ações – por diversas vezes à margem da “legalidade” – do MST contra os OGMs, o que é tanto um combate contra a tentativa das multinacionais – Monsanto, Syngenta – de controlar totalmente as sementes, submetendo os camponeses à sua dominação, como uma luta contra um fator de poluição e contaminação incontrolável do campo. Assim, graças a uma ocupação “selvagem”, o MST obteve em 2006 a expropriação do campo de milho e soja transgênicos da Syngenta Seeds no Estado do Paraná, que se tornou o assentamento camponês Terra Livre. É preciso mencionar também seu enfrentamento às multinacionais de celulose que multiplicam, sobre centenas de milhares de hectares, verdadeiros “desertos verdes”, florestas de eucaliptos (monocultura) que secam todas as fontes d’água e destroem toda a biodiversidade. Esses combates são inseparáveis, para os quadros e ativistas do MST, de uma perspectiva anticapitalista radical.

As cooperativas agrícolas do MST desenvolvem, cada vez mais, uma agricultura biologicamente preocupada com a biodiversidade e com o meio ambiente em geral, constituindo assim exemplos concretos de uma forma de produção alternativa. Em julho de 2007, o MST e seus parceiros do movimento Via Campesina organizaram em Curitiba uma Jornada de Agroecologia, com a presença de centenas de delegados, engenheiros agrônomos, universitários e teólogos da libertação (Leonardo Boff, Frei Betto).

Naturalmente, essas experiências de luta não se limitam ao Brasil, sendo encontradas sob formas diferentes em muitos outros países, não apenas no Terceiro Mundo, constituindo-se numa parte significativa do arsenal combativo do altermundialismo e da nova cultura cosmopolítica da qual ele é um dos portadores.

* * *

O fracasso retumbante da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, de dezembro de 2009, confirma mais uma vez, para quem ainda tinha dúvidas, a incapacidade de governos à serviço dos interesses do capital em enfrentar o problema. Em vez de um acordo internacional obrigatório, com reduções substanciais de emissões de gazes com efeito estufa nos países industrializados – um mínimo de 40% seria necessário – seguida de medidas mais modestas nos países emergentes (China, Índia, Brasil), os Estados Unidos impuseram, com o apoio da Europa e a cumplicidade da China, uma “declaração” completamente vazia, que faz senão reiterar o óbvio : precisamos impedir que a temperatura do planeta suba mais de 2°C.

A única esperança é o movimento social, altermundialista e ecológico, que se expressou em Copenhagen numa grande manifestação de rua – 100 mil pessoas – com o apoio de Evo Morales, cujas declarações anticapitalistas sem ambiguidades foram uma das poucas expressões criticas na conferencia “oficial”. Os manifestantes, assim como o Fórum alternativo KlimaForum, levantaram a palavra de ordem “Mudemos o sistema, não o clima!” Evo Morales convocou um encontro de governos progressistas e movimentos sociais em Cochabamba (abril de 2010) com o objetivo de organizar a luta para salvar a Mãe-Terra, a Pacha-Mama, da destruição capitalista.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16632

segunda-feira, 10 de maio de 2010

GUIA PARA ELABORAÇÃO DO TRABALHO DA II UNIDADE

A elaboração de um trabalho científico é um processo que percorre as seguintes fases:
1 - Escolha do assunto (no nosso caso o assunto já foi escolhido – valor da força de trabalho e jornada de trabalhao, referenciados nas afirmações de Karl Marx);
2 Pesquisa bibliográfica: Uso de bibliotecas, de centros de documentação, consulta a professores, consulta a internet e reflexão sobre os comentários feitos em sala de aula;
3 Documentação crítica: trata-se da leitura e fichamento dos textos escolhidos a partir do seguinte roteiro de leitura:
A) Verifique quem é o autor? (identifique dados bibliográficos, personalidade, ambiente, se possível);
B) Identifique os objetivos de cada texto e veja as convergências e divergências entre eles
C) Perceba a argumentação apresentada pelos autores e faça as devidas comparações. Para construir o texto o autor lança mão de vários recursos. Ele pesquisa, compara, usa um determinado tipo de linguagem, ilustra, enfim, em toda obra é possível perceber o procedimento metodológico utilizado pelo autor. Assim sendo, você deverá descrever quais os procedimentos metodológicos utilizados pelos autores para elaborar seus respectivos textos.
D) Registre as principais idéias de cada texto. Não basta citar os títulos das seções, deve sintetizar o conteúdo das idéias e categorias apresentadas. Contudo, a atividade não consiste em copiar todo o texto ou maior parte dele. Você deverá destacar as principais idéias e informações, preferencialmente, com suas próprias palavras, utilizando citações (devidamente colocadas), se for sua opção
4) Construção/ Redação: consiste na elaboração do trabalho propriamente dito, deve constar das seguintes partes: introdução, desenvolvimento e conclusão:

INTRODUÇÃO:
é a primeira aparecer no trabalho, mas a última a ser redigida. Deve conter os seguintes tópicos:
1. Expor as razões que levaram você escrever (objetivo do seu texto);
2. Referir-se ao quadro teórico em que se fundamenta o trabalho;
3. Apresentar o “estado da questão” ou formulação do problema e da hipótese;
4. Orientar o leitor sobre o assunto a ser abordado e como esse assunto vai ser trabalhado (metodologia que você utilizou).

DESENVOLVIMENTO:
para redigir o desenvolvimento é preciso atentar para a lógica da exposição e para as características de todo o trabalho científico escrito: objetividade, clareza, simplicidade.
O desenvolvimento é parte do texto onde você expõe suas idéias. Aqui você deve responder a problemática que guia o seu texto ( no caso deste trabalho, a forma de abordagem da história do pensamento econômico), visando alcançar os objetivos elencados. Para tanto, você deve organizar o texto em partes e itens, mantendo seqüência e coesão na exposição.
Um trabalho científico não consiste em copiar e sim sistematizar as várias visões observadas nos textos de história do pensamento econômico, passo que você deve ter elaborado na fase da documentação crítica.
O método mais usual para confecção do desenvolvimento é o seguinte: exposição do estado da questão (como os textos enfocam a história do pensamento econômico), apresentação das convergências e divergências, para em seguida fazer seus comentários apresentando sua concordância ou não e a respectiva justificativa.

CONCLUSÃO (CONSIDERAÇÕES PESSOAIS):
Aqui, é chegada a hora de você dizer o que pensa sobre a temática do trabalho (a forma de abordagem da história do pensamento econômico). Qual a sua posição sobre os caminhos utilizados pelos autores.
Não basta registrar que o texto é interessante e contribuiu muito para o seu aprendizado. Você tem que registrar o porque ele é ou não interessante e de que forma os textos contribuíram para sua formação.

Os trabalhos deverão ser apresentados no seguinte formato:

Editor de texto
Word do Office 97 ou posterior.

Configuração das páginas
Tamanho do papel: A4 ( 29,7 x 21 cm )
Margens: superior 3 cm
Margens: inferior 2 cm
Margens: esquerda 3 cm
Margens: direita 2 cm
Fonte do texto: Times New Roman, corpo 12
Espaçamentos:1,5 (entre linhas).
Número de páginas: Mínimo de 09 (nove), máximo de 16 (dezesseis), incluindo ilustrações, bibliografia.

CAPA CONTRA-CAPA

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Salário mínimo nominal e necessário

Período
Salário mínimo nominal
Salário mínimo necessário
2010
Março
R$ 510,00
R$ 2.159,65
Fevereiro
R$ 510,00
R$ 2.003,30
Janeiro
R$ 510,00
R$ 1.987,26
2009
Dezembro
R$ 465,00
R$ 1.995,91
Novembro
R$ 465,00
R$ 2.139,06
Outubro
R$ 465,00
R$ 2.085,89
Setembro
R$ 465,00
R$ 2.065,47
Agosto
R$ 465,00
R$ 2.005,07
Julho
R$ 465,00
R$ 1.994,82
Junho
R$ 465,00
R$ 2.046,99
Maio
R$ 465,00
R$ 2.045,06
Abril
R$ 465,00
R$ 1.972,64
Março
R$ 465,00
R$ 2.005,57
Fevereiro
R$ 465,00
R$ 2.075,55
Janeiro
R$ 415,00
R$ 2.077,15
2008
Dezembro
R$ 415,00
R$ 2.141,08
Novembro
R$ 415,00
R$ 2.007,84
Outubro
R$ 415,00
R$ 2.014,73
Setembro
R$ 415,00
R$ 1.971,55
Agosto
R$ 415,00
R$ 2.025,99
Julho
R$ 415,00
R$ 2.178,30
Junho
R$ 415,00
R$ 2.072,70
Maio
R$ 415,00
R$ 1.987,51
Abril
R$ 415,00
R$ 1.918,12
Março
R$ 415,00
R$ 1.881,32
Fevereiro
R$ 380,00
R$ 1.900,31
Janeiro
R$ 380,00
R$ 1.924,59
2007
Dezembro
R$ 380,00
R$ 1.803,11
Novembro
R$ 380,00
R$ 1.726,24
Outubro
R$ 380,00
R$ 1.797,56
Setembro
R$ 380,00
R$ 1.737,16
Agosto
R$ 380,00
R$ 1.733,88
Julho
R$ 380,00
R$ 1.688,35
Junho
R$ 380,00
R$ 1.628,96
Maio
R$ 380,00
R$ 1.620,64
Abril
R$ 380,00
R$ 1.672,56
Março
R$ 350,00
R$ 1.620,89
Fevereiro
R$ 350,00
R$ 1.562,25
Janeiro
R$ 350,00
R$ 1.565,61
2006
Dezembro
R$ 350,00
R$ 1.564,52
Novembro
R$ 350,00
R$ 1.613,08
Outubro
R$ 350,00
R$ 1.510,00
Setembro
R$ 350,00
R$ 1.492,69
Agosto
R$ 350,00
R$ 1.442,62
Julho
R$ 350,00
R$ 1.436,74
Junho
R$ 350,00
R$ 1.447,58
Maio
R$ 350,00
R$ 1.503,70
Abril
R$ 350,00
R$ 1.536,96
Março
R$ 300,00
R$ 1.489,33
Fevereiro
R$ 300,00
R$ 1.474,71
Janeiro
R$ 300,00
R$ 1.496,56
2005
Dezembro
R$ 300,00
R$ 1.607,11
Novembro
R$ 300,00
R$ 1.551,41
Outubro
R$ 300,00
R$ 1.468,24
Setembro
R$ 300,00
R$ 1.458,42
Agosto
R$ 300,00
R$ 1.471,18
Julho
R$ 300,00
R$ 1.497,23
Junho
R$ 300,00
R$ 1.538,56
Maio
R$ 300,00
R$ 1.588,80
Abril
R$ 260,00
R$ 1.538,64
Março
R$ 260,00
R$ 1.477,49
Fevereiro
R$ 260,00
R$ 1.474,96
Janeiro
R$ 260,00
R$ 1.452,28

Salário mínimo nominal: salário mínimo vigente.

Salário mínimo necessário: Salário mínimo de acordo com o preceito constitucional "salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim" (Constituição da República Federativa do Brasil, capítulo II, Dos Direitos Sociais, artigo 7º, inciso IV). Foi considerado em cada Mês o maior valor da ração essencial das localidades pesquisadas. A família considerada é de dois adultos e duas crianças, sendo que estas consomem o equivalente a um adulto. Ponderando-se o gasto familiar, chegamos ao salário mínimo necessário.

Dia do Trabalhador: trabalhar menos, para trabalhar todos

29/04/2010


O capitalismo é o sistema econômico que mais transformou a face da humanidade até aqui – como o próprio Marx havia reconhecido no Manifesto Comunista. Porém, a estrutura central do capitalismo se articula pela separação entre os produtores da riqueza e os que se apropriam dela, entre os trabalhadores e os capitalistas.

Esse processo de alienação do trabalho – em que o trabalhador entrega a outro o produto do seu trabalho – percorre todo o processo produtivo e a vida social. O trabalhador não se reconhece no que produz, não decide o que vai produzir, com que ritmo vai produzir, qual o preço de venda do que ele produz, para quem ele vai produzir. Ele é vítima do trabalho alienado, que cruza toda a sociedade capitalista. Ele não se reconhece no produto do seu trabalho, assim como o capitalismo não reconhece o papel essencial do trabalhador na sociedade contemporânea.

A luta dos trabalhadores, ao longo dos últimos séculos foi a luta de resistência à exploração do trabalho. Esta se dá pela apropriação do valor do trabalho incorporado às mercadorias, que não é pago ao trabalhador e alimenta o processo de acumulação de capital.

Não por acaso o Primeiro de Maio, dia do Trabalhador, foi escolhido para recordar o massacre de trabalhadores em mobilização realizada em Chicago, pela redução da jornada de trabalho - uma das formas de busca de diminuição da taxa de exploração do trabalho.

Neste ano o tema central do Primeiro de Maio será o da diminuição da jornada de trabalho. A grande maioria da população vive do seu trabalho, acorda bem cedo, gasta muito tempo para chegar a seu local de trabalho, onde ficará a maior parte do seu dia, gastando muito tempo para retornar, cansada, apenas para recompor suas energias e retomar no dia seguinte o mesmo tipo de jornada. Para trabalhar de forma alienada e receber um salário que, em grande parte dos casos, não basta sequer para satisfazer suas necessidades básicas. Uma vida tão sacrificada produz todas as riquezas do país, embora não tenha o reconhecimento e a remuneração devida.

Só isso bastaria para que um dos objetivos nacionais devesse ser o da redução da jornada de trabalho. Que o desenvolvimento tecnológico não seja apropriado pelos grandes capitalistas para maximizar a taxa de lucro, mas reverta para a diminuição da jornada de trabalho, para o pleno emprego, para a melhoria das condições de trabalho da massa trabalhadora.

Que o Brasil conclua os dois mandatos de um trabalhador como presidente da República, diminuindo a jornada de trabalho!


Postado por Emir Sader às 06:46
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=459

terça-feira, 20 de abril de 2010

Seção IV –
A produção da Mais-Valia Relativa
Cap X – O conceito de Mais-Valia Relativa
Cap XI – Cooperação
Cap XII – Divisão do Trabalho e Manufatura
Cap XIII – Maquinária e Grande Indústria

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Apresentação do Cap II ao VII do Capital (Marx)

Cap II - O processo de Troca
Troca = uma relação social entre pessoas;
A troca na relação de valor de uso tem uma aspecto individual, enquanto valor ela tem um conteúdo social;
Equivalente geral – o dinheiro
A determinação do valor dinheiro

Cap III – O dinheiro ou a circulação de Mercadorias
1 – Medidas de Valores;
2 – Meio de circulação;
3 – Dinheiro

Medidas de valores
“ não é por meio do dinheiro que as mercadorias se tornam comensuráveis” (p. 87)
“dinheiro como medida de valor, é forma necessária de manifestação da medida imanente do valor das mercadorias: o tempo de trabalho” (p. 87
“Em sua função de medida de valor, o dinheiro serve, portanto, como dinheiro apenas imaginário ou ideal” (p.88)

Padrão de medida
“como tais quantidades de ouro, elas se comparam e medem entre si e se desenvolve tecnicamente a necessidade de relacioná-las a um quantum fixado de ouro como sua unidade de medida. Essa mesma unidade de medida, por meio de posterior divisão em partes alíquotas, é transformada em padrão de medida” (p. 89)

Funções do dinheiro
É medida de valores por ser a encarnação social do trabalho humano. Serve, dessa forma, para transformar os valores das mais variadas mercadorias em preços, em quantidades imaginárias de ouro;
Padrão de preços por ser um peso fixado em de metal, serve para medir a quantidade de ouro que é relacionada com a mercadoria

Denominações monetárias
As denominações monetárias dos pesos metálicos se desligam de sua denominações originais de peso por diferentes motivos:
1 – Introdução do dinheiro estrangeiro;
2 – com o desenvolvimento da riqueza o metal menos nobre é deslocado da função de medida de valor pelo mais nobre;
3 – Falsificação de dinheiro (inclusive pelos soberanos)

A forma preço
“A forma preço não só admite a possibilidade de incongruência quantitativa entre grandeza de valor e preço, isto é, entre a grandeza de valor e sua própria expressão monetária, mas pode encerrar uma contradição qualitativa, de modo que o preço deixa de todo de ser expressão do valor, embora dinheiro seja apenas a forma valor das mercadorias.” (p. 92)

Meio de circulação
A metamorfose das mercadorias
“o processo de circulação não se extingue como o intercâmbio direto de produtos, ao mudarem de lugar ou de mãos os valores de uso. O dinheiro não desaparece, ao sair, finalmente, da série de metamorfose de uma mercadoria. Ele sempre se deposita em algum ponto da circulação abandonado pelas mercadorias.” (p. 99)
b) Curso do dinheiro
Ficar constantemente na circulação
Quanto de dinheiro a esfera absorve?

Volume de dinheiro = ______________
c) A moeda. O signo do valor
“ Se o próprio curso do dinheiro desassocia o conteúdo real do conteúdo nominal da moeda, sua existência metálica da sua existência funcional, ele já contém latentemente a possibilidade de substituir o dinheiro metálico em sua função moeda por senhas de outro material ou por símbolos” (p.108)

3 – dinheiro
A) entesouramento;
B) meio de pagamento;
C) dinheiro mundial

Seção II - Transformação do dinheiro em capital

Cap IV – Transformação do dinheiro em capital
1 – A fórmula geral do capital;

2 – Contradições da fórmula geral;

3 – Compra e venda da força de trabalho

A circulação de mercadorias é o ponto de partida do capital. Produção de mercadorias e circulação desenvolvida de mercadorias, comércio são os pressupostos históricos sob os quais ele [o capital] surge.
O dinheiro é a primeira forma de aparição do capital
Dinheiro como dinheiro e dinheiro como capital diferenciam-se primeiro por sua forma diferente de circulação

Quais as diferenças das circulação M-D-M e D-M-D?
A primeira visa a satisfação das necessidades, o dinheiro atua como intermédiario;
A segunda visa dinheiro, a mercadoria é um meio para alcançar mais dinheiro

As contradições da fórmula geral
“A forma de circulação, pela qual o dinheiro se revela como capital, contradiz todas as leis anteriormente desenvolvidas sobre a natureza da mercadoria, do valor, do dinheiro e da própria circulação” (p. 131)
“ Mercadorias podem chegar a ser vendidas por preços que se desviam de seus valores, mas esse desvio aparece como violação da lei da troca de mercadorias. Em sua figura pura, ela é uma troca de equivalentes, portanto não um meio de enriquecer em valor “ (p. 133)

As contradições da fórmula geral
“Se mercadorias ou mercadorias e dinheiro de igual valor de troca, portanto equivalentes, são trocados, então evidentemente ninguém tira da circulação mais do nela lança. Então não ocorre nenhuma formação de mais-valia” (p. 134)


A importância da circulação na formação da mais-valia?
“ A circulação é a soma de todas as relações recíprocas dos possuidores de mercadorias. Fora da mesma o possuidor de mercadoria só está ainda em relação com sua própria mercadoria (...) É, portanto, impossível que o produtor de mercadorias, fora da esfera de circulação, sem entrar em contato com outros possuidores de mercadorias, valorize valor e, daí, transforme dinheiro ou mercadoria em capital” (p. 138)

Primeira conclusão


A grande questão?
“A transformação do dinheiro em capital tem de ser desenvolvida com base em leis imanentes ao intercambio de mercadorias, de modo que a troca de equivalentes sirva de ponto de partida” (p. 138)

Onde procurar a origem da Mais-valia?
“A transformação do dinheiro em capital tem de ser desenvolvida com base nas leis imanentes ao intercâmbio de mercadorias, de modo que a troca de equivalentes sirva de ponto de partida. Nosso possuidor de dinheiro, por enquanto ainda presente apenas como capitalista larvar, tem de comprar as mercadorias por seu valor, vendê-las por seu valor e, mesmo assim, extrair no final do processo mais valor do que lançou nele” (p. 138)


A mercadoria especial
A Força de Trabalho (FT) é a mercadoria específica que o possuidor de dinheiro procurava e vai resolver a questão, produzir valor e mais-valor sem transgredir as leis da circulação e do valor porque
“o trabalho passado que a força de trabalho contém, e o trabalho vivo que ela pode prestar, seus custos diários de manutenção e seu dispêndio diário, são duas grandezas inteiramente diferentes” (p. 159)


2 condições para que o dinheiro encontre a FT como mercadoria
1 – a FT deve ser propriedade do seu possuidor ;
2 – a possuidor estar desassociado dos Meios de Produção ao ponto que para sobreviver tenha que vender sua FT

Para transformar dinheiro em... ...
... Capital, o possuidor de dinheiro precisa encontrar, portanto, o trabalhador livre no mercado de mercadorias, livre no duplo sentido de que ele dispõe, como pessoa livre, de sua força de trabalho como sua mercadoria, e de que ele, por outro lado, não tem outras mercadorias para vender, solto e solteiro, livre de todas as coisas necessárias à realização de sua força de trabalho.” (p. 140)
Como é determinado o valor da FT?

“É determinado pelo tempo de trabalho necessário à produção, portanto também reprodução, desse artigo específico (...) Para sua manutenção, o indivíduo precisa de certa soma de meios de subsistência. O tempo de trabalho necessário à produção desses meios de subsistência ou o valor da força de trabalho necessário é o valor dos meios de subsistência necessários à manutenção do seu possuidor” ( p. 141)
A determinação cultural do valor da FT

“ o âmbito das assim chamadas necessidades básicas, assim como o modo de sua satisfação, é ele mesmo um produto histórico e depende, por isso, grandemente do nível cultural de um país, entre outras coisas também essencialmente sob que condições, e, portanto, com que hábitos e aspirações de vida, se constitui a classe dos trabalhadores livres. Em antítese ás outras mercadorias, a determinação do valor da FT contém, por conseguinte, um elemento histórico e moral” (p. 141)

O valor da FT
Deve incluir as necessidades de manutenção dos filhos;
Os custos de formação da FT

Como funciona o dinheiro na compra de FT?
No caso das mercadorias o dinheiro funciona como meio de pagamento pois só se paga ao trabalhador após a jornada de trabalho

A origem da mais-valia
“O processo de consumo da força de trabalho (FT) é, simultaneamente, o processo de produção de mercadoria e de mais-valia” (p.144)
“O consumo da força de trabalho, como o consumo de qualquer outra mercadoria ocorre fora do mercado ou da esfera de circulação” (p.144)

A origem da mais -valia
A diferença entre D e D’ é a mais-valia
A circulação não gera mais-valia, mas etapa necessária para o processo de criação
A mais-valia é criada no processo de produção

CAP V – Processo de Trabalho
A utilização da FT é o próprio trabalho. O comprador da força de trabalho a consome ao fazer trabalhar o vendedor dela.
O processo de trabalho deve ser considerado de início independente de qualquer forma social determinada

O que é trabalho?

Qual a distinção entre o trabalho humano e o trabalho animal?

Quais os elementos simples do processo de trabalho

Qual a peculiaridade do processo de trabalho sob o julgo do capital?
“O trabalhador trabalha sob o controle do capitalista (....) O capitalista cuida de que o trabalho se realize em ordem e os meios de produção sejam empregados conforme seus fins, portanto, que não seja desperdiçada matéria-prima e que o instrumento de trabalho seja preservado.” (p. 154)
O produto é propriedade do capitalista e não do produtor direto

O processo de valorização
O Objetivo do capitalista é:
Produzir um valor de uso que tenha valor de troca, um artigo destinado para venda;
Ele quer produzir uma mercadoria cujo valor seja mais alto que a soma dos valores das mercadorias exigidas para produzi-la, para as quais adiantou um bom dinheiro
Quer produzir valor de uso, valor e mais-valia

Dinheiro transforma-se em Capital
O valor da ft e sua valorização no processo de trabalho são, portanto, duas grandezas distintas
O trabalhador encontra na oficina os meios de produção necessários para um processo de trabalho não de 6 horas, mas de 12 horas


Capital constante
Todos os instrumentos, máquinas, prédios e matérias-primas – todos eles representando meios não-humanos de produção. Era chamado de constante porque estas mercadorias só transferiam seu próprio valor ao valor do produto final. Daí o fato de o valor incorporado a estes meios de produção permanecer constante, quando transmitido a um produto.” (Hunt, 1989, p. 236)
Matérias auxiliares e meios de trabalho
“Matéria-prima constitui a substãncia do produto, mas mudou a sua forma. Matéria-prima e matérias auxiliares perdem, portanto, a figura independente com que entram no processo de trabalho como valores de uso. Isso é diferente com os meios de trabalho propriamente ditos” (p. 167)

Capital variável
Definido como a força de trabalho que o capitalista comprava.
Tempo de trabalho necessário e excedente
“A parte da jornada de trabalho, portanto, em que sucede essa reprodução, eu chamo de tempo de trabalho necessário, e de trabalho necessário o trabalho despendido durante esse tempo. Necessário ao trabalhador, por ser independente da forma social de seu trabalho” (p. 176)
“O Segundo período do processo de trabalho em que o trabalhador labuta além dos limites do trabalho necessário, embora lhe custe trabalho, dispêndio de força de trabalho, não cria para ele nenhum valor. Ela gera a mais-valia que sorri ao capitalista com todo o encanto de uma criação do nada. Essa parte da jornada de trabalho chamo de trabalho excedente, o trabalho despendido nela: mais trabalho” (p. 176)

Taxa de mais-valia
Uma expressão exata do grau de exploração da força de trabalho pelo capital ou do trabalhador pelo capitalista

Tx de Mais-valia = ________ ou


Tx de Mais-valia = _________

Exercício 3

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Colegiado do Curso de Ciências Econômicas – CCE
Professor: Gildásio Santana Junior
Período Letivo: 2010.1 15/04/2010

Exercícios

1. Discorra sobre as seguintes fórmulas: M-D-M, D-M-D, D-M-D' e
D-M....P.... M'-D'

2.Para a fabricação de dez toneladas de fio que será vendido no mercado por R$ 15,00, precisa-se de matéria-prima (10 toneladas de algodão, ao custo de R$ 10,00), meios de trabalhos e força de trabalho. Suponhamos que a massa de fusos desgastada no processamento do algodão representa, para nós, todos os outros meios de trabalhos empregados (custe R$ 2,00). A relação técnica de produção indica que em 1 hora se fia 1 2/3 tonelada de fio. Considerando ainda que o custo da FT é de R$ 3,00 por uma jornada de trabalho de 12 h, qual a mais valia gerada no processo de produção? Justifique a sua

3.Quais as funções do dinheiro segundo Marx?

4.Quais as contradições da fórmula geral de circulação de mercadorias?

5.Explique o seguinte paradoxo: ““ Capital não pode, portanto, originar-se da circulação e, tampouco, pode não originar-se da circulação. Deve, ao mesmo tempo, originar-se e não se originar dela” (p. 138)

6.Quais as condições sócio-históricas que tem de acontecer para que o dinheiro (capital) encontre a força de trabalho disponível no mercado?

7.Como é formado o valor da força de trabalho?

8.Qual a distinção do trabalho humano para o trabalho animal?

9.Qual a peculiaridade do processo de trabalho sob o jugo do capital?

10.Em que consiste o processo de valorização do capital?

terça-feira, 13 de abril de 2010

Resenha do livro de Gerald Cohen

Gerald Cohen: Em busca de uma alternativa socialista

“O Socialismo”, disse Albert Einstein, é a tentativa da humanidade “superar e sobrepujar a fase predatória da evolução humana”; e, para Gerald. A. Cohen, “todo mercado (...) é um sistema predatório”. Essa é a essência do último livro de Cohen, considerado pelo The Guardian como o maior filósofo político marxista dos nossos dias. O propósito do autor, que morreu em agosto de 2009, é assentar o que chama de as bases “preliminares” - uma tentativa que, afinal, bem poderia chegar a ser derrotada por realidades inexoráveis – de uma alternativa socialista.

Ellen Wood - Sin Permiso

Ellen Melksins Wood resenha o livro póstumo de Gerald A. Cohen “Why not Socialism?” (Princeton, 83 pgs, ISBN 978 0 691 143613).

“O Socialismo”, disse Albert Einstein, é a tentativa da humanidade “superar e sobrepujar a fase predatória da evolução humana”; e, para Gerald. A. Cohen, “todo mercado (...) é um sistema predatório”. Tal é a essência de seu último livro, breve porém incisivo e elegantemente escrito (Cohen morreu em agosto passado). Seu propósito é assentar o que chama de as bases “preliminares” - uma tentativa que, afinal, bem poderia chegar a ser derrotada por realidades inexoráveis – de uma alternativa socialista. É desejável, pergunta-se, e se desejável, factível, construir uma sociedade movida por algo que não seja a predação, que não responda às motivações “mesquinhas”, “baixas”, “repugnantes” do mercado, mas que esteja antes dirigida por um compromisso moral com a comunidade e com a igualdade?

Em seu estilo caracteristicamente lúcido, comprometido e delicadamente humorístico, Cohen começa imaginando um grupo de pessoas numa excursão para um camping. Nessas circunstâncias, sugere que a maioria das pessoas seriam “vigorosamente a favor de uma forma socialista de vida, preferindo-a outras alternativas factíveis”, comportando-se assim, pois, conforme aos princípios de igualdade e de comunidade, muito distintos dos que governam o comportamento normal no mercado. A questão é se esses princípios do acampamento poderiam ou deveriam ser postos em prática por obra do conjunto da sociedade. Na sua opinião, isso seria desejável para evitar os resultados necessariamente injustos dos mecanismos de mercado e as desigualdades que os acompanha. Mas é factivel?

Sobre isso, o veredito está por se pronunciar. É importante, insiste Cohen, distinguir entre dois tipos muito diferentes de obstáculos, os que emanam das limitações da natureza humana e os procedentes das limitações da tecnologia social; e conclui que nosso principal problema não é o egoísmo humano, mas a “carência do que chamamos de tecnologia organizativa adequada”. Trata-se, em outras palavras, de um problema de design. Mas, o fato de que não saibamos como desenhar a maquinaria social que teria de funcionar no socialismo não significa que nunca o poderemos ou que nunca o quereremos.

Cohen foca na idéia do “socialismo de mercado”, um sistema que estaria ainda fundado no mecanismo de preços, mas que evitaria a concentração de capital que gera o grosso das desigualdades do mercado capitalista. Isso, para ele, seria melhor que nada. É “o gênio do mercado que recruta motivações de baixa qualidade para fins desejáveis”; mas, o que os socialistas de mercado esquecem é que também há efeitos indesejáveis e que também esse seu tipo de mercado se orienta conforme esses motivos “mesquinhos”. Assim, pois, ele preferiria seguir buscando um meio de obter efeitos econômicos produtivos fundado em outras motivações.

As preocupações morais da filosofia de Cohen e – na sua análise dos mercados – e sua ênfase na moralidade das motivações poderiam parecer, à primeira vista, muito distantes; até diametralmente opostos à obra com que começou a se tornar conhecido: Karl Marx's Theory of History: A Defense (1978). O necrológio de Cohen publicado no The Guardian, em que ele é descrito como “comprovadamente o principal filósofo político da esquerda”, falou desse livro como de uma “reinterpretação revolucionária da teoria marxista”. Na realidade, o que Cohen produziu foi algo ainda mais audacioso. Era menos uma reinterpretação de Marx que uma defesa cerrada da interpretação mais ortodoxa.

É verdade, como se disse no Guardian, que aquilo que Cohen e seus colegas “marxistas analíticos” gostavam de chamar de o “no-bullshit Marxism” ou o “marxismo não charlatão”(1) arrastaram a teoria marxista para o vão da “ciência social burguesa da corrente principal”, aplicando-lhe as técnicas linguísticas e lógidas da filosofia analítica; só isso já era uma façanha. A teoria que ele defendia, cuja substância era um determinismo tecnológico, devia menos a Marx que a intérpretes posteriores, como Georgi Plejánov; mas terminou sendo tomada como a essência do materialismo histórico, no modo como o entendiam tanto os ideólogos dos partidos comunistas quanto os antimarxistas mais furibundos. O que tornou o projeto de Cohen ainda mais notório foi que, na época em que publicou sua defesa, essa ortodoxia tinha sido vigorosamente desafiada por historiadores que trabalhavam na tradição marxista, desde E.P.Thompson a Robert Brenner; e o velho determinismo tecnológico já tinha cedido espaço a interpretações muito diferentes de Marx.

É verdade que, uma vez descoberto, não é provável que todo progresso chegue a desaparecer por completo. Mas a compulsão primordial de melhorar constantemente as forças técnicas de produção não é uma lei geral da história. É, para bem ou para o mal, uma característica específica de uma forma social, o capitalismo. Seu modo particular de exploração, à diferença de quaisquer outro gera, como condição mesma de sua sobrevivência, uma compulsão implacável de melhorar a produtividade e, assim, de rebaixar os custos do trabalho, a fim de satisfazer e maximizar o lucro.

Embora as inevitabilidades históricas do determinismo tecnológico de Cohen tenham sido traduzidas por outros marxistas analíticos na linguagem da “eleição racional”, parecia haver nesse determinismo pouca margem para a eleição moral ou para as motivações morais, como forças históricas dinâmicas. Sem embargo, sua carreira intelectual subsequente se consagrou na questão da justiça e da igualdade socialistas, que estão no núcleo de seu último livro. Pareceria um caminho distante desde sua peculiar variedade de marxismo; e, visto que terminou descrevendo a si mesmo como um “ex-marxista”, poderíamos nos ver tentados a deixar as coisas assim, limitando-nos a concluir que, tendo repudiado o marxismo, e com ele quaisquer ilusões sobre o curso necessário da história, restou livre para pensar sobre o socialismo, não em termos de algo historicamente inevitável, mas como uma opção moral.

As coisas, porém, não são simples assim. Se contrastarmos o marxismo de Cohen com outras versões disponíveis, o que salta aos olhos é a congruência entre seu precoce determinismo tecnológico e sua filosofia moral dos últimos anos de vida. Não só porque seguiu apaixonadamente compromissado, como ex-marxista não menos que como marxista ortodoxo, com os valores socialistas e em especial com a igualdade. O certo é que sua teoria da história também está conectada com sua filosofia moral, no sentido de que ambas, afinal, são a-históricas. Isso é óbvio o suficiente quando referido nas abstrações da filosofia analítica, mas parece algo estranho se atribuído a uma teoria da história. O fato é que resulta extremamente difícil sustentar esse tipo de determinismo transhistórico [em termos kantianos, transcendental], sem se desinteressar dos processos históricos: não só das particularidades e das contingências do tempo e lugar, mas dos princípios diferencialmente operantes em cada modo específico de organizar a vida social.

(1) Bullshit é expressão da língua inglesa falada nos EUA e muito popular, que o filósofo Harry Frankfurt tomou de empréstimo para se referir a trabalhos intelectuais que não são exatamente nem falsários nem mentirosos, mas algo ainda pior, porque o falsário ou mentiroso são capazes de distinguir o verdadeiro do falso, ao passo que o bullshiter perdeu até essa capacidade.

(*) Ellen Meiksins Wood foi durante muitos anos professora de ciência política e filosofia na York University de Toronto, Canadá e também fez parte do comitê editorial da New Left Review. Entre 1997 e 2000 co-editou, junto com Paul Sweezy e Harry Magdoff, a revista estadunidense Monthlly Review. De orientação marxista, Wood publicou recentemente: “Citizens to Lords: A Social History of Western Political Thought from Antiguity to Middle Ages (Verso, London, 2008), The Origin of Capitalism: A Longer View (Verso, London, 2002). No Brasil, a Boitempo Editorial publicou Democracia contra Capitalismo: A Renovação do Materialismo Histórico, em 2003.

Tradução: Katarina Peixoto


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16528

sábado, 10 de abril de 2010

Exercícios 2

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Colegiado do Curso de Ciências Econômicas – CCE
Professor: Gildásio Santana Junior
Disciplina Economia Política I Período Letivo: 2010.1 29/03/2010


Exercícios

1.Como Marx conceitua valor de uso?
2.Como Marx conceitua valor de troca?
3.O que é valor para Marx?
4.Como se mede a grandeza do valor na perspectiva de Marx?
5.Comente a seguinte afirmação: “Se o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho dispendido durante sua produção, isto quer dizer que quanto mais preguiçoso ou inábel seja o homem, tanto maior o valor de sua mercadoria, pois mais tempo ele necessita para terminá-la?”.
6.Como Marx conceitua força produtiva do trabalho? E qual a sua relação com a grandeza do valor?
7.Um produto pode ser valor de uso sem ser valor? Explique e exemplifique.
8.Quais são as condições para um produto se transformar em mercadoria?
9.Discorra sobre a forma valor ou valor e troca
10.Como Marx conceitua o fetichismo?

quinta-feira, 25 de março de 2010

III Café com Debate

O Coletivo em Movimento, a Oposição Operária - OPOP e a Corrente Comunista Internacional - CCI convidam você para participar do III Café com DEbate.

27 de março,
às 1500h
DEbae com os temas:
Período de Transisçao (CCI)
Ditadura do Proletariado e Conselhos Operários (OPOP)
Trabalho Associado e Revolução Proletária (Ivo Tonet)

Local: Casa Memorial Régis Pacheco, Pça Tancredo Neves, 19i, Centro (ao lado da Catedral)

às 19:00h
Lançamento do livto de Ivo Tonet: "Descaminos da Esquerda: da centralidade do trabalho à centralidade da política" e da Revista da Oposição Operária: Germinal, vol 2

Local: Viela- SEbo Café - Rua Siqueira Campos, 350 - Recreio

Curso de Formação Política

I Labuta:
Emancipação Política x Emancipação Humana
Com Ivo Tonet (UFAL)
Dia 26/03 às 15:00h e 19:00h
Na Casa Memorial Régis Pacheco - Praça Tancredo Neves, 191. Centro (ao Lado da Catedral)

terça-feira, 23 de março de 2010

CONVITE PARA PALESTRA

PALESTRA: Marxismo e Teoria das Classes Sociais


Marxismo e Teoria das Classes Sociais é o tema da palestra de abertura dos Seminários do LHIST (Laboratório de História Social do Trabalho), a se realizar na próxima quinta feira, 25 de março. A palestra será ministrada pelo Prof. Dr. Cristiano Lima Ferraz (DH/Uesb) a partir das 17h30 , na sala 04 do módulo I de aulas, no campus da Uesb de Vitória da Conquista. A participação é aberta ao público e serão conferidos certificados pela presença. Maiores informações poderão ser obtidas na Secretaria do Laboratório de História Social do Trabalho pelo telefone 34248697, no turno matutino, ou pelos e-mails lhist.uesb@yahoo.com.br / lhist.uesb@gmail.com

segunda-feira, 22 de março de 2010

Contribuição ao entendimento do método da economia política, por Germer

Contribuição ao entendimento do método da economia política, segundo Marx

Claus Magno Germer

Introdução

O método de Marx constitui um tema de relevância especial para o desenvolvimento da teoria marxista. Não me refiro ao caráter genérico da relevância do método como momento essencial de toda pesquisa científica, que é óbvio, mas ao caráter específico da sua relevância no marxismo atualmente, devido às consequências, sobre a pesquisa marxista, da acentuada diferença da base filosófica do marxismo em relação à base filosófica geral da ciência burguesa . A base filosófica do marxismo é o materialismo, entendido como corrente da filosofia, e o seu método básico é a lógica dialética. O materialismo filosófico distingue-se do idealismo, que constitui a base filosófica da ciência burguesa, e a lógica dialética distingue-se, nos mesmos termos, da lógica formal . Dado o domínio absoluto do idealismo e da lógica formal no establishment científico burguês, e não só nele, pois se projeta nos modos de pensar do senso comum em geral, e dada a inferioridade do materialismo e da representação marxista nestes meios, compreende-se não só a dificuldade de apreensão das particularidades da filosofia e do método marxistas, mas também a possibilidade da sua apreensão distorcida pela influência dominante do pensamento burguês .

A deficiente apreensão do método teórico de Marx, reconhecida pelos próprios autores marxistas, reflete-se, em primeiro lugar, em deficiências metodológicas na sua produção teórica, e adicionalmente na pequena freqüência de textos que abordam os problemas do método . Na literatura econômica brasileira, em que a produção de base marxista comparece modestamente, esta insuficiência é obviamente mais acentuada . Uma das causas da insuficiência apontada é, evidentemente, o insuficiente aprofundamento da discussão do tema, em confronto com a sua complexidade e com a variedade de aspectos relevantes e ângulos de análise que comporta. Dada esta complexidade, um artigo sobre o tema deve limitar-se ou a um levantamento sumário dos seus aspectos mais relevantes, que seria necessariamente superficial, ou a uma abordagem algo mais detalhada de um aspecto ou ângulo de análise. O presente artigo é do segundo tipo, tendo como objetivo principal a discussão do significado e da relevância dos conceitos de ‘concreto’ e ‘abstrato’ no método de Marx, aplicados à economia política.

Embora o método de Marx tenha constituído tema de estudos anteriores, impostos pelas próprias necessidades da atividade de pesquisa, o presente artigo constitui a primeira tentativa de elaboração própria sobre o tema. Por esta razão - mas não só por ela, mas também pela limitação da forma artigo -, a cobertura do tema não é completa, não tendo sido possível, por exemplo, explorar em toda a extensão os textos citados. Também ficaram sem aprofundar - ou foram apenas mencionados - diversos aspectos importantes do método de Marx e suas implicações, como por exemplo a dialética e o sentido do polêmico caráter lógico-histórico, entre outros. Também não pude incluir referências a passagens metodológicas importantes presentes em outras obras de Marx, com destaque para o próprio O Capital e Teorias da Mais-Valia, bem como obras essenciais de Engels e de outros autores marxistas. Por prudência e por método, o presente artigo explora basicamente os textos metodológicos iniciais de Marx (e Engels). Por outro lado, o enfoque do presente texto apresenta uma das unilateralidades comumente presentes em textos que abordam problemas de método. É que, segundo se lê, eles são geralmente escritos ou por filósofos com pouca experiência em pesquisa, ou por pesquisadores com pouca formação filosófica, sendo este último o caso do presente texto. Em ambos os tipos de textos deve-se esperar que a deficiência em um aspecto seja compensada por um mínimo de suficiência no outro.

Uma das causas da complexidade geralmente atribuída á abordagem do método de Marx, além da complexidade intrínseca ao tema, é o fato de Marx não ter redigido um texto em que explicitasse de modo completo e inequívoco o seu método. Dizer isto implica que o seu texto, que traz este título - MEP -, é insuficiente como exposição do seu método, o que é um fato. É possível, porém, que uma causa das dificuldades alegadas consista em uma controvérsia entre os estudiosos de Marx, que se refere à medida em que se pode admitir uma continuidade ou ruptura na evolução do pensamento de Marx, a partir dos seus primeiros escritos do início dos anos 1840. Uma polêmica sobre isto foi desencadeada com a publicação, nos anos 1960, dos Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844 (MEF). Todavia, Marx redigiu diversos textos de natureza eminentemente filosófica e metodológica no início da sua atividade, como se indicará no presente artigo -, não havendo razão para particularizar os MEF -, e a sua sequência parece constituir uma exposição bastante satisfatória e clara dos princípios filosóficos e metodológicos sobre cuja base erigiu a sua obra teórica nos anos seguintes. A análise desta sequência de textos fornece argumentos significativos no sentido da existência de uma continuidade essencial da obra de Marx com base nos princípios metodológicos a cuja definição se dedicou no início da sua carreira. Mais do que isto, estes textos, tomados em conjuntos, fornecem uma exposição bastante completa dos aspectos essenciais do seu método. Uma afirmação de Marx, presente no prefácio da Contribuição à crítica da economia política, publicada em 1859, é significativa como confirmação desta continuidade. Nesta passagem Marx relata o resultado dos seus estudos metodológicos, desde a crítica da filosofia do direito de Hegel até os textos produzidos em Bruxelas - os importantes Teses sobre Feuerbach e A ideologia alemã -, dizendo que este resultado geral, “uma vez obtido, serviu como fio condutor dos meus estudos” (CEP, p. 135/100). É significativo o fato de Marx fazer tal afirmação em 1859, ou seja, quase 15 anos após os estudos aos quais se refere, e quando já havia formulado o primeiro esboço geral do O Capital, representado pelos Grundrisse.

A sequência cronológica dos textos mostra que os escritos metodológicos mais importantes de Marx, nos anos 40, que são a IA, as TF, a SF e MF, nesta ordem, foram escritos após dois textos iniciais em que Marx se definiu sobre dois aspectos fundamentais do seu método. Estes textos são a Contribuíção à crítica da filosofia do direito de Hegel e os Manuscritos econômico-filosóficos. No primeiro texto Marx situou-se claramente no terreno filosófico do materialismo, com base na crítica do idealismo extremado de Hegel . Nos MEF Marx fez a primeira incursão na crítica da Economia Política, tal como expressa principalmente nas obras de Smith e Ricardo. E assinala que fez a crítica com base nos termos e conceitos da própria economia política, mas adotando como eixo da análise a contradição entre propriedade privada e trabalho. Marx conclui que a economia política, apesar de erigir o trabalho em fonte do valor, em sua análise toma inteiramente o partido da propriedade privada. Esclarece também que o trabalho focalizado pela economia clássica não é o trabalho em geral, mas o trabalho alienado, isto é, o trabalho submetido ao capital. O procedimento de Marx foi de refazer a análise, utilizando os próprios conceitos da economia clássica, mas partindo do ponto de vista do trabalho, com o que coloca em evidência a contradição de interesses de classes localizada na base do capitalismo.

Nos textos seguintes Marx aprofundou a sua crítica ao idealismo e aperfeiçoou as suas concepções sobre o materialismo, inclusive graças a uma crítica rigorosa ao materialismo naturalista de Feuerbach, que foi o autor que lhe abriu o horizonte da crítica ao idealismo hegeliano. Os capítulos sobre o método, na SF e na MF, constituem esclarecimentos essenciais sobre as origens dos equívocos metodológicos do idealismo - especialmente sobre a aplicação da abstração como método - e sobre a forma de conceber o conhecimento da realidade de um ponto de vista materialista. Mas é na IA, o texto mais importante desta fase, do ponto de vista metodológico, que Marx e Engels procuram traçar as linhas gerais da sua própria concepção sobre o método geral de análise da evolução social, que se encontra no primeiro capítulo desta obra. Neste sentido é não apenas uma crítica da teoria do conhecimento idealista, mas constitui também a proposição dos pressupostos e implicações do enfoque materialista e dialético por eles postulado. Mas é somente 10 anos mais tarde, em 1857, que Marx elabora o importante MEP. Neste texto, embora não apareçam inovações conceituais, Marx faz uma sistematização do processo de elaboração teórica na economia, através da aplicação dos princípios da concepção filosófica materialista geral, desenvolvidos nos textos anteriores, acima mencionados.

O interesse, no presente texto, reside na exposição do método de Marx aplicado à economia. Embora este método constitua uma aplicação de princípios gerais a um campo particular de conhecimento, ao qual Marx chegou exatamente nesta ordem, isto é, dos princípios gerais à sua aplicação particular, parece-nos que esta ordem não é a mais apropriada à exposição do seu resultado. Neste texto se fará o percurso inverso, do método aplicado à economia aos princípios filosóficos gerais, de modo que estes serão expostos como justificação e fundamentação do método da economia.

O método de pesquisa adequado à economia ou a dialética abstrato/concreto

No MEP Marx formula um enunciado que constitui a síntese de todo o método proposto, como concepção materialista e dialética da realidade. Segundo esta afirmação, o processo do conhecimento, na economia, realiza-se em duas fases. A primeira fase começa com a população

e vai deste “concreto como representação a abstratos cada vez mais tênues, até chegar às determinações mais simples. Daí seria necessário retomar a viagem em sentido inverso [que é a segunda fase - CMG], até (...) chega[r] novamente à população, mas desta vez não como uma representação caótica de um todo, mas como uma rica totalidade de muitas determinações e relações” (MEP, p. 122/36, grifos acrescentados).

Em seguida acrescenta:

“O último [isto é, a viagem das abstrações ao concreto - CMG] é claramente o método cientificamente correto. O concreto é concreto porque é a síntese de muitas determinações, portanto unidade do diverso. Por isso ele aparece no pensamento como processo de síntese, como resultado, não como ponto de partida, embora constitua o ponto de partida real e por isso também o ponto de partida da intuição e da representação”.

Os termos abstrato e concreto, integrantes da terminologia própria da filosofia clássica alemã até Hegel, possuem significados diferentes em Hegel e em Marx, que é necessário esclarecer. Em uma primeira aproximação o abstrato designa um conceito, produto do chamado método da abstração, que consiste em extrair ou remover da realidade perceptível - como representação mental - uma parte ou aspecto específico (Inwood, p. 41). Este é o sentido em que Marx utiliza o termo. O abstrato é portanto um produto do pensamento, e consiste na representação mental de um elemento da realidade empírica, tal como esta se reflete de modo direto no pensamento. Neste sentido o abstrato constitui uma fase elementar do conhecimento mas não é o próprio conhecimento, pois este não se reduz à representação de um ou diversos aspectos isolados da realidade. O conhecimento consiste no concreto, isto é, na apreensão de um objeto de estudo como um conjunto de elementos interrelacionados dinamicamente (isto é, em movimento contínuo de transformação) de um modo definido, ou seja, consiste na interconexão e na lei de movimento do objeto .

No início do texto mencionado, Marx afirma que o método correto da economia, em uma primeira aproximação, parece consistir em começar do ‘real e concreto’, como a população de um país e sua distribuição quantitativa em classes, ou na cidade e no campo, ou nos diferentes ramos de produção, etc. Mas observa que a população, assim entendida, é uma abstração, pois ela constitui um conceito vazio na medida que omitimos as classes que a compõem e os elementos sobre os quais estas se apóiam, como o trabalho assalariado, o capital, etc. (MEP, p. 122/35-6).

A população aparece duas vezes no argumento, e ambas as vezes com a menção às classes que a integram, mas na primeira vez estas aparecem de um modo que Marx considera inadequado, o que não ocorre no segundo caso, o que parece contraditório. O motivo é que na primeira menção as classes aparecem apenas como subdivisões numéricas da população, ao lado das subdivisões em cidade e campo, em ramos de produção, etc., ao passo que na segunda as classes são elementos constituintes da população, referidas aos seus fundamentos no trabalho, no capital, entre outros, expressando portanto relações sociais. Mas, apesar de a população ser, no primeiro sentido, o pressuposto real, ela é “uma abstração”, pois ela constitui a representação mental parcial de um todo complexo . Assim, a população como ponto de partida “seria uma representação caótica do todo” (Ibidem, p. 122/36).

O conceito de concreto, na exposição de Marx, aparece de um modo que requer maior detalhamento. Para isto deve-se partir de duas distinções essenciais. A primeira consiste na distinção entre o concreto entendido como ponto de partida do processo de conhecimento, que poderíamos denominar concreto real, e depois como seu resultado, o concreto pensado. Somente no segundo sentido é que se aplica apropriadamente o conceito de concreto, no sentido específico de que a realidade está compreendida ou interpretada pelo pensamento como totalidade orgânica. A segunda distinção decorre da concepção filosófica materialista de Marx e refere-se ao concreto como ponto de partida. Este deve ser entendido de dupla forma: por um lado, representando a realidade material, que é o pressuposto do pensamento e que existe antes dele e independentemente dele. Este é o sentido adequado da expressão concreto real, porque designa o mundo material realmente existente e constitui o ponto de partida real como objeto de todo pensamento. No entanto, o ponto de partida do processo de elaboração do conhecimento , indicado por Marx, é o concreto como representação mental, isto é, como expressão da percepção imediata da realidade através dos sentidos. Parece adequada, neste sentido, a designação de concreto sensorial a esta representação (Diccionário, 1984, p. 6; Inwood, p. 41). Neste sentido o concreto sensorial é uma representação caótica do todo.

Há uma certa imprecisão no uso do conceito de concreto na literatura. O significado do concreto em Marx é de representar o real inteligível, o que implica uma totalidade como síntese de muitos elementos interligados, ou muitas determinações, como na citação acima. Neste caso Marx o utiliza como categoria do pensamento e não da realidade empírica . Hegel expresssa-se de modo idêntico, pelo menos em uma passagem (“... a idéia é essencialmente concreta, visto ser essa a unidade de distintas determinações”, Hegel, p. 103). A identificação do termo latino concretus, que lhe dá origem, torna mais claro o seu significado: ‘formado ou crescido por agregação’ (Inwood, p. 41). Marx parece coincidir com Hegel, no sentido de que para ambos o concreto é um categoria do pensamento. Mas há uma diferença essencial: para Hegel o real situa-se no plano das idéias, sendo o empírico apenas aparência ou fenômeno, ao passo que para Marx o real é o empírico, o mundo material, e as idéias o seu reflexo no pensamento. Assim, o concreto como categoria do pensamento constitui apenas a forma - a única possível - pela qual o pensamento reproduz o real como ele é, uma totalidade de muitos elementos interligados. Sendo assim, é legítimo utilizar as expressões concreto real e concreto pensado, embora Marx não as tenha utilizado , uma vez que a totalidade real, como integração real dos seus componentes materiais, é o empírico, ao passo que o concreto como pensamento é apenas a sua reprodução do único modo possível ao ser humano . Neste sentido a expressão concreto sensorial parece menos legítica, na medida que o que é captado diretamente pelos sentidos não é o real como totalidade, mas como cáos. Talvez a expressão mais adequada fosse percepção sensorial ou simplemente o sensorial. Mas mantém-se o concreto sensorial por ser a percepção do concreto na sua realidade.

O concreto pensado, em oposição ao anterior é, como o nome diz, o concreto como produto ou resultado do pensamento através de um processo de síntese, de totalização, em que as diversas partes significativas da realidade são combinadas em uma totalidade, na qual se articulam de modo definido, não estaticamente mas dinamicamente ou como processo. Quais são as partes da realidade cuja síntese constitui o concreto pensado? São as partes ‘pensadas’ do concreto real, isto é, elaboradas pelo pensamento a partir do concreto sensorial, na forma de conceitos ou abstrações simples. São portanto os componentes elementares do concreto sensorial, isolados e extraídos do todo caótico inicial e reduzidos à sua expressão pura. As abstrações representam, portanto, os componentes significativos do real investigado. O mero agrupamento destes componentes em um conjunto, todavia, não constitui uma reprodução coerente e articulada do todo, mas apenas uma coleção de peças isoladas. Como tal coleção, este conjunto não constitui conhecimento do concreto real, pois não o apresenta como um todo internamente articulado e não identifica as leis do seu movimento. Na economia este trabalho de identificação das abstrações simples, ou das peças elementares do sistema econômico, foi inicialmente realizado, segundo Marx, pelos economistas do século 17, que isolaram “algumas relações abstratas gerais, como divisão do trabalho, dinheiro, valor, preços, etc” (MEP, p. 122/36).

Estas abstrações são a matéria prima do conhecimento verdadeiro, representado pelo concreto pensado, cuja elaboração constitui a segunda fase, que Marx concebe como o método cientificamente correto. Assim, o processo de elaboração do conhecimento pelo pensamento, consiste, em primeiro lugar, na elaboração das abstrações, ou conceitos, a partir do concreto sensorial - que é a primeira fase -, e em segundo lugar na reconstrução do real, pelo pensamento, a partir das abstrações elementares - a segunda fase, do abstrato novamente para o concreto, mas agora para o concreto pensado. Esquematicamente o processo de elaboração do conhecimento pode ser apresentado da seguinte forma:

concreto sensorial  coleção de abstrações simples  concreto pensado


processo de elaboração do conhecimento
Após a menção à elaboração das abstrações mais simples pelos economistas do séc. 17, diz Marx que, “assim que estes momentos isolados haviam sido mais ou menos fixados e abstraídos, começaram os sistemas econômicos [isto é, os esboços do concreto pensado econômico - CMG], que se elevavam do simples, como trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca, até o Estado, o comércio entre as nações e o mercado mundial” (MEP, p. 122/36). Smith é um destes edificadores de sistemas teóricos, mas ainda se debate em contradições entre as representações do concreto sensorial e do concreto pensado: “A economia política, em A. Smith, havia se desenvolvido até uma determinada totalidade, havia delimitado, em certo sentido, o terreno que abarca. Por um lado ele segue as conexões internas das categorias econômicas - ou a estrutura oculta do sistema econômico burguês [o concreto pensado - CMG]. Por outro lado expõe a interconexão tal como é perceptível nas aparências da concorrência e como se apresenta portanto ao observador leigo [o concreto sensorial - CMG] (...)” (TMV2, p. 816).


O conceito de prática como base do pensamento

No entanto, o processo de elaboração do conhecimento pelo pensamento constitui apenas a etapa mental do processo de conhecimento, partindo do concreto sensorial. Mas como se forma o concreto sensorial? Segundo a concepção materialista, ele constitui o reflexo, mediado pelos sentidos, do mundo material na mente humana. Mas este reflexo não é entendido por Marx como uma relação sujeito-objeto de tipo individual e contemplativo, nem é uma relação linear contínua, que se inicia com a sensação e termina com o conhecimento. É um processo de repetição contínua, que integra o processo contínuo de intercâmbio do ser humano com a natureza através do trabalho, que constitui a produção material). Ao produzir , isto é, ao transformar os materiais naturais, o ser humano interpreta continuamente os efeitos da sua ação sobre a natureza e, com isso, interpreta a própria natureza, sua estrutura e dinâmica, e testa contínuamente a sua interpretação, ao observar os efeitos positivos e negativos da sua ação baseada na interpretação anterior . Com base nesta observação, reformula e refina as suas interpretações, que é o que constitui o processo de elaboração do conhecimento. Neste sentido é que se diz, na filosofia materialista, que o critério da verdade é a prática . Pode-se dizer, sintetizando, que o processo do conhecimento consiste em duas etapas, sendo a primeira a ação material ou física do ser humano sobre a realidade material - a natureza, por um lado, e a sociedade, por outro - através do trabalho, e a segunda a sua ação intelectual sobre a mesma, que é o processo de elaboração mental do conhecimento com base no concreto sensorial. No conjunto, estas duas fases compõem a prática. Consequentemente, parece fundamentado afirmar que o processo do conhecimento coincide com o conceito de prática . Sendo assim, o seguinte esquema parece representar adequadamente o ponto de vista de Marx sobre a natureza da prática e do processo do conhecimento como um todo:




A seta na parte superior do esquema, do concreto pensado ao concreto real, ressalta o fato de que o conhecimento, como resultado do processo, continuamente reage sobre a prática material, realimentando-a e sendo por ela novamente aperfeiçoado. Ao mesmo tempo pretende-se demonstrar o fundamento da noção marxista de que a teoria e a prática são duas atividades que não podem existir isoladamente uma da outra - não se faz atividade prática sem conhecimento do pretendido, nem se elabora conhecimento sem realizar atividade prática -, embora possam ser separadas como funções de indivíduos diferentes, como se verá.

Por outro lado, o ser humano, desde o início, organiza-se em grupos e produz em grupo, com base em formas progressivas de divisão do trabalho, ou seja, em formas sociais progressivas. Consequentemente, produz em sociedade, de modo que a produção deve ser conceituada não como produção individual mas como produção social, e sua base não é o trabalho individual mas o trabalho combinado socialmente em uma estrutura de divisão do trabalho. Isto tem duas implicações. Por um lado, todo produto individual é apenas uma parte do produto total, não apenas do ponto de vista quantitativo, mas principalmente qualitativo, pois cada produtor fornece um produto diferente. Isto implica que nenhum indivíduo pode sobreviver do produto físico do seu próprio trabalho, do qual obtém apenas uma parte (que é tanto menor quanto mais desenvolvida está a divisão do trabalho) dos meios de produção e consumo essenciais à sua sobrevivência. Por outro lado, o trabalho e o produto do trabalho devem ser distribuídos entre os membros do grupo social, o que pressupõe um processo contínuo de interação entre estes, condicionado pela estrutura do processo social de produção. Esta estrutura de interações constitui o que Marx denominou as relações sociais de produção e distribuição, que constituem a estrutura econômica da sociedade e o objeto da economia como ciência (CEP, p. 135/100). Isto significa que o concreto real, que constitui a base material do processo de conhecimento específico representado pela economia, é a rede de relações estabelecidas pelos indivíduos, em determinada sociedade, na produção e na distribuição dos meios necessários à sua sobrevivência . Assim sendo, o conceito de prática ou de processo do conhecimento engloba dois conjuntos de relações, as relações do ser humano com a natureza e as suas relações recíprocas na sociedade . A teoria sobre a economia, resultante do processo de elaboração do conhecimento nesta área, constitui o concreto pensado específico a ela, uma totalidade de múltiplos elementos interrelacionados, e estes elementos são as abstrações ou conceitos que expressam as relações sociais de produção e distribuição. Por este motivo específico é que se deve dizer que a economia, para Marx, é uma teoria social.

A divisão do processo do conhecimento em duas etapas distintas, a material e a mental, tem uma importante consequência. No início, a ação sobre a natureza e a sua interpretação - isto é, as práticas material e intelectual - são realizadas pelos mesmos indivíduos. Mas, à medida que a divisão do trabalho evolui, na produção e na distribuição, institui-se também, aos poucos, a divisão entre os trabalhos material e intelectual. Isto significa que a produção material e a produção intelectual passam a ser realizadas, gradualmente, por indivíduos diferentes, com implicações que serão indicadas adiante.

Finalmente, é necessário deter-se na relação existente entre o concreto pensado e a realidade empírica. Esta relação vem à mente quando se reflete sobre se o concreto pensado coincide com a realidade empírica, o que parece ser o caso, pois se pretende que ele constitua a reprodução do real como uma totalidade coerente, mas ao mesmo tempo parece não ser o caso, pois ele constitui apenas uma categoria mental. O assunto não pode ser aprofundado neste momento, pois requer exploração mais cuidadosa, mas algumas observações são oportunas. Em primeiro lugar, admitindo que o procedimento de elaboração do concreto pelo pensamento tenha sido tecnicamente correto, deve-se concluir que o concreto assim elaborado representa efetivamente a realidade a que se refere. Mas como esta categoria se compara com a realidade efetiva, inicialmente mencionada, e caracterizada como caótica? Um pouco de reflexão indica que a realidade efetiva, como categoria do mundo realmente existente, não é caótica. Caótica é a representação da realidade tal como apreendida diretamente pelos sentidos, portanto como categoria sensorial humana ainda não elaborada pelo pensamento. A apreensão da realidade como totalidade coerente, que ela é, requer que a representação direta caótica seja convertida pelo pensamento em uma totalidade igualmente coerente. Mas este resultado do processo, o concreto pensado, é um produto do pensamento, inteiramente construído com material abstrato, que são as abstrações ou conceitos teóricos . O concreto pensado, portanto, é uma categoria do pensamento, não é uma categoria da realidade. Como tal, não pode encontrar correspondência direta na realidade empírica. Uma ilustração econômica talvez torne mais claro o problema. Tomemos as categorias denominadas valor, preços, força de trabalho, taxa média de lucro, etc. Elas são conceitos ou abstrações que integram o capitalismo como concreto pensado, mas não existem na forma de abstrações em nenhuma economia capitalista. O que existe é um certo tipo de expressão dos valores em sistemas de preços diversificados segundo a época e o país; a força de trabalho como estruturas diferenciadas das massas de trabalhadores também localizadas no tempo e no espaço; a taxa média de lucro como estruturas igualmente diferenciadas de taxas de lucros, etc. O próprio capitalismo, entendido como concreto pensado, que é o modo de produção, não existe como tal no mundo real, mas apenas em formas históricas objetivas, que Marx denominou formações econômico-sociais.

O produto teórico da economia política, portanto, é uma representação mental da estrutura econômica da sociedade. Como é que esta representação mental, no caso do capitalismo, em que, por representar a lógica interna do capitalismo em geral, não representa nenhuma economia capitalista particular - como por exemplo a norte-americana, ou a japonesa, ou a brasileira -, se relaciona a estas suas formas empíricas de existência? A resposta é que o concreto pensado pode ser elaborado em diferentes ‘graus de concreção’ ou ‘graus de abstração’ . Assim, o modo de produção constitui um concreto pensado, abstraídas as características que distinguem as diferentes economias capitalistas nacionais umas das outras. Um maior grau de concreção ou menor grau de abstração seria suspender a abstração das características nacionais, ou, ao inverso, incorporar, ao concreto representado no conceito geral de modo de produção as características específicas de um país. Marx afirmou que tão fácil quanto é perceber o vínculo do particular ao geral, ou do existente ao abstrato, é difícil senão impossível fazer o caminho inverso. A ilustração é o conceito fruta, que Marx utiliza para demonstrar o contraste entre os procedimentos materialista e idealista, como se exporá adiante. A observação de qualquer fruta particular, como por exemplo uma maçã, permite ao observador imediatamente dizer tratar-se de uma fruta, mas à pergunta “apresente-me ‘a’ fruta”, ser-lhe-ia impossível fazê-lo, pois não há qualquer objeto particular que seja ‘a’ fruta. Mas o sujeito teria resposta se lhe fosse pedida uma fruta com determinadas características que lhe permitissem identificar a fruta particular desejada. Isto significa que a identificação do empírico que corresponde a um abstrato determinado não pode ser direta, mas requer o acréscimo de elementos concretos adicionais .

A síntese disto parece ser que o concreto pensado é a representação lógica do real, portanto não é o próprio real. Esta representação lógica do real é que Marx denominou a essência do real em oposição à sua aparência. Portanto o produto da atividade intelectual é a representação da essência, ou das conexões internas da realidade - o concreto pensado -, que não é perceptível diretamente pelos sentidos, mas deve ser elaborado pela reflexão. Mas a aparência, na concepção de Marx, ao contrário de Hegel, não constitui a manifestação fenomênica, portanto aleatória e passageira, de essências residentes na idéia absoluta, mas constitui a forma de existência histórica, diversificada no tempo e no espaço, do mundo material tal como é percebida pelos sentidos.

A oposição idealismo/materialismo

O exposto até aqui fornece uma base adequada para a exposição do ponto de vista do idealismo filosófico e da crítica que lhe fez Marx, principalmente na sua expressão em Hegel. O exposto até aqui, ao retratar a dialética abstrato/concreto, tal como concebida por Marx, ao mesmo tempo forneceu uma síntese do caráter materialista da sua teoria do conhecimento. Esta última pode ser sumariamente resumida em uma fórmula muito comum nas exposições sobre o materialismo filosófico: as idéias, ou o conhecimento, constituem o reflexo do mundo material na mente humana - não o reflexo como contemplação, mas como prática sensorial -, implicando que a realidade material existe antes e independentemente da consciência. O idealismo filosófico, que alcançou seu máximo desenvolvimento na filosofia de Hegel, postula, ao contrário, que as idéias possuem precedência sobre a realidade material . É fácil reconhecer no idealismo filosófico uma projeção das idéias religiosas, que postulam uma divindade que cria o mundo e o ser humano segundo um projeto determinado, cuja realização constitui o pano de fundo da evolução da natureza e do ser humano . O desenvolvimento do conhecimento é concebido, assim, como um processo de progressiva explicitação do plano divino - ou da Idéia Absoluta, segundo Hegel - na mente humana, na mesma medida que a evolução histórica constitui a manifestação progressiva do espírito absoluto, bifurcando-se no plano objetivo como antítese do espírito, e retornando como síntese, ou como concreto realizado, ao plano das idéias.

Assim, o idealismo filosófico interpreta os conceitos ou abstrações de modo essencialmente oposto ao da filosofia materialista, e nisto reside a diferença fundamental entre estas duas concepçõers filosóficas. A diferença específica consiste na origem dos conceitos ou abstrações simples que constituem a matéria prima do concreto pensado. O idealismo filosófico atribui tais abstrações, sem nenhuma demonstração convincente, a uma origem sobrenatural. Isto lhe permite interpretar o mundo, na versão hegeliana, como uma gradual realização da Idéia no plano material. Neste caso as abstrações são conceituadas como categorias lógicas, que constituem, no entanto, a essência das categorias da realidade. Segundo Hegel, seguindo a tradição idealista que vem de Platão, as abstrações não representam os objetos reais em si, mas a sua essência ideal, da qual os diferentes objetos de uma mesma família são apenas variações fenomênicas. Desde Platão esta noção permitiu postular a estabilidade essencial da realidade - ou seja, a sua natureza eterna e imutável - em face da variedade e diversidade da realidade perceptível ou aparente, uma vez que os fenômenos reais, na sua variabilidade, são concebidos como múltiplas manifestações das mesmas essências imutáveis. Segundo Hegel, é o conjunto destas essências que forma o concreto, que é uma categoria do espírito. Deste modo, a realidade material constitui, para Hegel, uma coleção caótica de ‘encarnações’ das essências abstratas, que adquirem sentido apenas quando reduzidas às suas essências residentes no Espírito, que constitui a totalidade internamente articulada e por isto o concreto. Diferentemente de Marx, portanto, para Hegel o mundo material é apenas uma mediação no processo evolutivo da Idéia.

Segundo Marx, o raciocínio idealista inverte a relação entre os objetos reais e suas representações como idéias ou abstrações, resultando em que o conceito de abstração define-se de modos diferentes nas duas filosofias. Marx fez a crítica do conceito idealista, por um lado em sua expressão geral, em um capítulo da SF (cap. 5, seção 2. O segredo da construção especulativa); por outro lado, na sua aplicação à economia, em um capítulo da MF (cap. 2. A metafísica da economia política; seção 1. O método). Em síntese, o método idealista geral consiste em conceber os objetos reais como meras manifestações passageiras de essências ‘imateriais e abstratas’, ao passo que o método materialista consiste em conceber as abstrações como resultado da elaboração intelectual, com base na prática material, de conceitos que constituem generalizações de um caráter comum a diversos objetos reais. Marx exemplifica com o conceito de ‘fruta’. Em sentido materialista o conceito fruta é a generalização ou abstração de um caráter comum a diversos objetos reais como maçã, laranja, figo, etc. ou abstraídas as particularidades que caracterizam cada uma delas. Neste sentido, as frutas são os fenômenos da realidade material, ao passo que o conceito é uma abstração que resulta da reflexão baseada na prática, sendo portanto um produto do intelecto. Assim, a fruta é o conceito elaborado pelo intelecto a partir dos objetos reais, que são as frutas realmente existentes (SF, p. 60). No sentido idealista, em contraste, a abstração constitui a categoria real, na forma de uma essência imaterial, residente no mundo das idéias, que se manifesta em diversos objetos reais diferenciados, que são apenas diferentes expressões, ou aparências, da mesma essência ‘imaterial e abstrata’. No exemplo de Marx, no sentido idealista o conceito fruta é a categoria real, ou essência, da qual as diferentes frutas são apenas encarnações imperfeitas e passageiras. Daí que, na concepção idealista, os objetos materiais são, de fato, representações fugazes de essências ideais (Ibidem, p. 60-61).

A concepção idealista da esfera objetiva (ou mundo material) como reflexo de uma esfera ideal é, segundo Marx, essencialmente produto de contradições sociais objetivas, que aqui não podem ser consideradas, mas também encontra justificativa em uma ilusão cujo fundamento reside, em parte, na natureza do processo do conhecimento, exposto acima, em particular à medida que o desenvolvimento social atinge fases mais avançadas. Em síntese, este fundamento consiste em primeiro lugar no fato de que conhecer é reproduzir o real através do pensamento. Isto significa que o concreto real apresenta-se de imediato como um produto intelectual, cuja matéria prima é a coleção de conceitos ou abstrações simples elaboradas previamente, e que são também produtos intelectuais. Assim, se se isola a etapa mental do processo do conhecimento como um todo, representado esquematicamente acima, é possível conceber o próprio mundo como produto do pensamento, seja do próprio ser humano ou de um ser concebido como superior, que em Hegel é a Idéia ou o Espírito absoluto . Além deste fundamento, a ilusão da autonomia do pensamento na criação do mundo real reforça-se quando surge e se expande a divisão do trabalho entre as atividades materiais e as mentais, ou entre os trabalhos manual e intelectual. Quando isto ocorre, o fato de que a etapa intelectual do processo de conhecimento, ou da prática, é realizada por indivíduos especializados nesta função e totalmente separados das atividades da produção direta, desenvolve-se a pretensão de que a atividade intelectual possui autonomia diante da atividade material, e converte-se em uma aparente justificativa da primazia do espírito sobre a matéria .


A sucessão de modos de produção e as mudanças nas idéias ou na consciência social

Vimos que as idéias refletem a prática, ou a atividade humana, como fenômeno social e não individual, e que esta prática engloba as relações do ser humano com a natureza, por um lado, e uns com os outros na sociedade, por outro. É um fato da observação que as idéias, as concepções, as teorias, alteram-se ao longo do processo histórico, isto é, idéias existentes são abandonadas e novas idéias surgem. Com base no princípio da elaboração do conhecimento a partir da prática, segue-se que a evolução das idéias deve ser concebida como reflexo de mudanças nas relações do ser humano com a natureza e na sociedade . Nisto consiste o processo histórico. Segue-se disto que a história das idéias é destituída de sentido se desligada da história da prática humana . Embora separada nas esferas natural e social, a atividade humana constitui uma totalidade, pois a esfera natural da prática é o processo de produção e este é um processo social, porque condicionado pela divisão do trabalho. Marx postulou que a prática social, concebida duplamente deste modo, dá origem a padrões definidos de organização social, os modos de produção, cuja configuração é determinada pela combinação de dois elementos: um é o grau de desenvolvimento das forças produtivas do trabalho, ou da técnica, em sentido amplo, o outro são as relações sociais de produção, refletidas no regime jurídico da propriedade dos meios de produção. No que diz respeito ao desenvolvimento da técnica, que pressupõe o desenvolvimento do conhecimento da natureza com base na evolução da prática material, Marx postula a existência de níveis ou patamares qualitativamente diferenciados do seu desenvolvimento, de tal modo que se pode determinar épocas históricas sucessivas, caracterizadas por padrões progressivos, qualitativamente diferenciados, da base técnica da produção. Estes patamares, porém, estão vinculados a regimes de propriedade determinados.

O papel do regime da propriedade dos meios de produção é mais complexo e, dadas as suas implicações sociais e o seu caráter essencial na configuração das sociedades modernas, mais explosivo. Segundo Marx, a cada nível de desenvolvimento das forças produtivas corresponde um regime determinado de propriedade dos meios de produção, nesta ordem . É essencial observar que este postulado decorre necessariamente da concepção materialista da relação entre a vida material e a consciência, uma vez que o regime de propriedade é uma categoria jurídica, portanto uma categoria da consciência. Considerando que a fonte do conhecimento e da elaboração de conceitos é a prática material, que condiciona as relações sociais - que são, deve-se lembrar, relações impostas pelo caráter objetivo da produção e da distribuição dos meios de vida -, segue-se que o regime de propriedade, que reflete a relação social objetiva, deriva o seu caráter do caráter da produção, isto é, da configuração técnica desta. Ao relatar o resultado das suas pesquisas iniciais, no prefácio da Contribuição ..., Marx é explícito a este respeito:

“Na produção social da sua vida os seres humanos estabelecem relações determinadas, necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção, que correspondem a níveis determinados de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. (...) O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, político e intelectual em geral” (CEP, p. 135/100, grifos acrescentados).

A produção material da vida é a base de toda a atividade humana prática, com base na qual as forças produtivas se desenvolvem através da solução progressiva dos novos problemas que se apresentam sucessivamente, e é o desenvolvimento das forças produtivas que altera a configuração das relações do ser humano com a natureza e na sociedade .

Há uma diferença necessária entre o conceito de propriedade como apropriação material e como regime jurídico. Toda produção é apropriação de materiais naturais por quem produz. Na medida que o conteúdo técnico da produção se desenvolve, a produção ou apropriação de materiais naturais vale-se de outros materiais naturais previamente extraídos da natureza e apropriados pelo produtor, que são os meios de produção produzidos, como instrumentos, instalações, matérias-primas elaboradas, etc. No início histórico da atividade produtiva humana, quando a divisão do trabalho era limitada e pequenos os grupos humanos, a produção e a apropriação apresentavam um caráter coletivo elementar, não havia distinção entre a apropriação individual e a coletiva, e a terra era o meio de produção fundamental. Ao correspondente período histórico Marx denominou comunismo primitivo. Todavia, à medida que a divisão do trabalho especializou famílias e/ou grupos de famílias em ramos de produção distintos, separaram-se agricultura e pecuária, campo e cidade, produção e circulação, produção e consumo, etc., e os meios de produção produzidos tornaram-se mais relevantes. Surgiu assim uma mediação entre a apropriação individual pela produção e a apropriação coletiva pela distribuição do produzido. A produção especializada individualizou a apropriação dos meios de produção produzidos e da própria terra. Isto ocorreu ao longo de um complexo e longo processo histórico, dando origem ao conceito jurídico da propriedade privada, distinto do conceito de apropriação pelo trabalho e da apropriação coletiva pela distribuição . Iniciou-se com isso a época histórica das sociedades baseadas na propriedade privada dos meios de produção, que se distinguem uma da outra pela forma específica que este regime de propriedade adota.

Deve-se notar que o comunismo primitivo designa a propriedade coletiva no sentido de propriedade comum ou geral, isto é, que engloba todos os membros do grupo social. A introdução da propriedade privada, por outro lado, não designa a generalização da propriedade em caráter privado individual, mas implica a limitação da propriedade, ou a privação da propriedade dos meios de produção para uma parte da sociedade, de modo que esta cinde-se em duas classes fundamentais, a proprietária e não-proprietária. A instituição da privação da propriedade corresponde à instituição da exploração do trabalho alheio , e por consequência dá origem a uma ruptura da sociedade em uma parte dominante e uma parte dominada, que tem consequências decisivas sobre o processo de elaboração das idéias.

Esta cisão da sociedade pressupõe que a produtividade do trabalho atingiu um nível tal que torna possível que o trabalho do produtor direto reproduza não só a própria vida como ainda a da classe proprietária, sem que esta, ou uma parte dela, tenha necessidade de trabalhar diretamente na produção. É esta circunstância que permite que a divisão do trabalho se estenda às duas partes em que se divide a atividade prática: isto é, a prática material e a prática intelectual tornam-se funções de indivíduos diferentes. Mais especificamente, o trabalho intelectual torna-se função de uma parte da classe proprietária. A propriedade privada dos meios de produção, a privação da propriedade de uma parte da sociedade, a exploração do trabalho alheio, etc., são todas expressões de relações sociais objetivas, condicionadas pelo desenvolvimento da prática material social, que se expressam na consciência como idéias ou abstrações, do modo já exposto. Mas o fato de que a elaboração das idéias torna-se uma função exclusiva de uma das partes em que a sociedade está cindida tem consequências decisivas sobre a forma tomada pelos conceitos que expressam as relações sociais vigentes. Assim, “as idéias da classe dominante são, em cada época, as idéias dominantes, isto é, a classe que constitui o poder material dominante da sociedade, constitui ao mesmo tempo o seu poder intelectual dominante”, pois a classe que domina a produção e a distribuiçào dos meios materiais, domina também a produção e a distribuição das idéias.

Em que consistem as idéias dominantes? Seguindo a relação material/intelectual já exposta, elas “nada mais são do que a expressão ideal [isto é, na forma de idéias - CMG] das relações materiais dominantes, ou das relações materiais dominantes concebidas como pensamentos; ou seja, das relações que fazem de uma classe a dominante, ou seja, [d]os pensamentos da dominação” (IA, p. 46-7). Assim, a cisão da sociedade em classes antagônicas incide sobre o momento intelectual do processo do conhecimento, conferindo-lhe um viés ou uma unilateralidade específicos, que refletem o caráter específico do domínio de classe vigente. Em primeiro lugar, as idéias que expressam a dominação são geradas pela existência objetiva da dominação, condicionada esta pelo estágio de desenvolvimento das forças produtivas vigente. Portanto, não é o surgimento prévio de idéias ou intenções de dominação que dá origem à dominação de classes, mas o contrário é que ocorre. Em segundo lugar, são os integrantes de um segmento social específico que exercem a função, condicionado também isto pela divisão do trabalho correspondente ao estágio de desenvolvimento das forças produtivas, de elaborar o sistema de idéias dominante nesta sociedade, e este segmento é um segmento da classe dominante. Nesta medida as idéias que expressam a dominação são convertidas em justificação da dominação, dando origem a interpretações ideológicas próprias de cada época histórica.

Deve-se mencionar duas implicações importantes do processo de formação das idéias que expressam as relações objetivas de dominação como auto-justificação da classe dominante: por um lado, as idéias dominantes de uma época podem ser, e são, concebidas como se pudessem ser desvinculadas do caráter específico do domíno de classe vigente - por historiadores, por exemplo -, de modo que se elabora teorias aparentemente consistentes, que postulam que o caráter das estruturas econômica, social, institucional, etc., de cada época são um produto das idéias dominantes nesta época, e não o contrário. As idéias são concebidas, assim, como a fonte da qual brota a realidade, seja ou não esta fonte situada explicitamente em um nível transcendental, e são responsabilizadas pelo que a realidade apresenta de bom e de mau. Isenta-se assim a realidade e especialmente a classe dominante do momento. Deste princípio se deduz o corolário de que a transformação das estruturas sociais requer uma prévia transformação das idéias, conceitos, teorias vigentes . Por outro lado, a própria classe dominante desenvolve a pretensão de que é um determinado sistema de idéias ou concepções que determina o seu domínio como imposição de uma predestinação transcendental (IA, p. 47). Entende-se facilmente que os pensamentos dominantes, entendidos, como acima, como expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante, sejam formulados, ao contrário, como pretensa expressão não do ser humano típico da época, mas de um suposto ser humano em geral, ou da essência humana natural, isto é, inscrita no ser humano pela natureza. Esta operação mental permite representar o domínio da classe do momento em expressão da natureza eterna do ser humano e não dos interesses passageiros e exclusivistas da classe que no momento exerce o domínio.

É precisamente deste tipo a concepção burguesa da natureza humana, na medida que ela atribui ao ser humano, como sua essência natural, o conjunto das idéias que expressam a dominação das relações capitalistas de produção e distribuição e consequentemente da classe capitalista. Assim, a noção da ordem natural fisiocrática - uma das expressões originais da ideologia econômica burguesa em geral - afirma que a ordem mercantil, especificamente capitalista, isto é, as relações sociais próprias do capitalismo, expressam as motivações intrínsecas ou inatas à natureza humana, por isto é uma ordem natural . Disto se segue que todas as demais formas de organização social são artificiais, porque colidem com as motivações naturais inatas do ser humano (MF, p. 134/139). Em Adam Smith este pressuposto aparece, por exemplo, no início da Riqueza das Nações no postulado de que a economia mercantil resulta da propensão à troca, inata no ser humano, isto é, que faz parte da sua natureza, o que implica do mesmo modo que a ordem mercantil capitalista é uma ordem natural (Smith, cap. 2). Todas as idéias que expressam as relações especificamente burguesas, que são ao mesmo tempo as idéias que expressam o domínio da classe capitalista, são tidas como atributos do ser humano em geral. Assim por exemplo a forma burguesa da propriedade privada é conceituada como a forma geral da propriedade; o mesmo se dá com a perseguição do interesse privado como princípio regulador, consequentemente a concorrência e a vitória dos mais aptos; com o Estado como guardião da ordem burguesa, concebida como a forma geral da ordem social, e assim por diante.

Este processo de ideologização da realidade constitui o fundamento do chamado individualismo metodológico, pois este postula precisamente que a explicação da constituição da sociedade atual - que é capitalista - deve ser buscada nas motivações do indivíduo, que no capitalismo são as motivações capitalistas do indivíduo, interpretadas no entando como motivações do ser humano em geral e inatas. Aplicado à economia, este procedimento implica que as relações sociais de produção e distribuição do capitalismo, que constituem a estrutura básica da sociedade atual, têm sua origem em uma essência humana previamente existente, portanto natural, cuja exteriorização constitui a sociedade capitalista. O individualismo metodológico expressa, portanto, no terreno do método, o processo de inversão da direção da causalidade, que vai da prática material para as idéias, e o seu procedimento constitui uma tentativa de justificação teórica da racionalidade da ordem burguesa. Esta racionalidade possui o agravante de ser concebida como eterna: uma vez que são as inclinações humanas naturais - isto é, impressas no ser humano pela ordem da natureza e não pela ordem social -, segue-se que a ordem burguesa é a única ordem social compatível com a natureza humana. Por este motivo é que Marx caracteriza o enfoque da economia política clássica como um enfoque a histórico, pois é incapaz de situar o capitalismo historicamente, isto é, como forma de organização social condicionada historicamente e portanto destinada a ser superada, como todas as demais.

Na concepção materialista elaborada por Marx, ao contrário, “a essência humana não é um abstrato residente no indivíduo isolado. Na sua realidade ela é[, ao contrário,] o conjunto das relações sociais” (IA, p. 6, inserção acrescentada). A sociedade, do mesmo modo, não é um conjunto de indivíduos - que constitui apenas a população -, mas uma rede de relações sociais. Neste sentido é que se pode dizer que, na teoria de Marx, o indivíduo é determinado pela sociedade, e não o contrário. Mas isto não implica conceber o ser humano como um ser passivo, mas é compatível com a concepção de Marx, exposta acima, segundo a qual o ser humano é o sujeito da sua história, através da sua atividade prática. Como se explica o aparente paradoxo? O que é decisivo é que o ser humano elabora a sua própria história, mas não individualmente nem planejadamente, mas socialmente e como resultado não previsto do conjunto das relações que estabelece com a natureza e entre si, das quais só gradualmente toma consciência. Deste modo o indivíduo, concebido isoladamente, e até mesmo cada geração, defrontam-se com condições objetivas que não escolheram e dentro de cujo contexto devem viver e desenvolver a sua ação, que é a origem da mudança a partir da base que encontram quando nascem. Portanto, o processo através do qual o ser humano, como ser social, produz a sua história, é por sua vez condicionado e limitado historicamente.

Uma implicação relevante do vínculo entre o ser e a consciência, estabelecido por Marx, pode ser apresentada do seguinte modo. Da exposição de Marx deduz-se que, por um lado as idéias dominantes em sociedades de classes expressam as relações sociais vigentes, que são relações de dominação de uma classe sobre outra. Mas, por outro lado, o domínio de classe vigente reflete não uma imposição arbitrária, por uma classe, do seu domínio sobre a outra, mas é resultado de uma organização necessária da produção social. Necessária no sentido de ser imposta pela trajetória objetiva de desenvolvimento das forças produtivas, significando que é a trajetória objetivamente seguida por este desenvolvimento que conduz em primeiro lugar à cisão da sociedade em classes com base na propriedade privada, e em segundo lugar a formas sucessivas e qualitativamente distintas, de sociedades de classes, baseadas em formas distintas e progressivas da propriedade privada. Isto significa que a divisão em classes, e consequentemente o domínio de uma classe sobre a outra, são resultados naturais e, neste sentido, inevitáveis, do desenvolvimento social em cada momento. Se é assim, se o domínio de classe reflete uma organização da produção social resultante do desenvolvimento objetivo das forças produtivas, segue-se que não há, em princípio, justificativa para idéias fundamentadas, divergentes das dominantes, ou seja, idéias contrárias às relações de dominação vigentes. Ou melhor, não há justificativa para a emergência de idéias divergentes como representação de relações reais, pois não existem, em princípio, relações reais divergentes das relações vigentes. Todavia, caso relações reais divergentes surjam, idéias divergentes das dominantes surgirão, também necessariamente, como seu reflexo no pensamento.

E o fato é que, segundo Marx, idéias deste tipo surgem, também por força da necessidade imposta pelo desenvolvimento objetivo, pois o desenvolvimento das forças produtivas gera uma nova configuração da divisão do trabalho, novas funções na estrutura da produção e da distribuição e extinção de funções antigas, portanto uma correspondente nova forma de relação de apropriação dos meios de produção e dos produtos pelos produtores, etc. Todas estas novas realidades expressam-se na forma de novas idéias e concepções, que Marx denominou de revolucionárias, porque propõem uma reformulação ou revolução nas relações sociais, que estão assentadas, deve-se recordar, em formas definidas de propriedade. O que as novas idéias propõem, portanto, é uma transformação qualitativa do regime de propriedade dos meios de produção. Mas não propõem tal reformulação com base em princípios abstratos de justiça ou igualdade, mas refletindo as transformações objetivas, de natureza técnica, em curso na estrutura das forças produtivas, apontadas acima, que fornecem o fundamento a uma demanda objetiva pela substituição das relações sociais vigentes por relações de novo tipo. Estas idéias não se propõem por elas mesmas, mas por intermédio dos sujeitos das novas relações de propriedade, que constituem uma nova classe em processo de gestação a partir das transformações em curso na esfera das forças produtivas.

Assim sendo, a nova classe resulta de um processo de transformação que abala o domínio da classe dominante existente, porque surge de um abalo nas relações de produção em que tal domínio se baseia. É isto que Marx designa como surgimento histórico de uma época de revolução social, resultante da contradição que se estabelece entre “as forças produtivas materiais da sociedade e as relações de produção vigentes, ou o que é apenas uma expressão jurídica disto, [entre as forças produtivas e] as relações de propriedade, no interior das quais até agora se moveram” (CEP, p. 136/100-1, inserção acrescentada). É o raciocínio lógico exposto acima que justifica a afirmação de Marx, nesta mesma passagem, de que “a humanidade só se propõe tarefas que pode resolver, pois, após melhor exame se concluirá que a própria tarefa só se coloca onde as condições materiais da sua solução já existem ou estão em processo de gestação” (Ibidem, p. 136/101) .

Como se pode ver, este resultado decorre do desenvolvimento simultâneo das práticas natural (desenvolvimento técnico) e social (desenvolvimento das relações sociais na produção). A esfera das idéias, em todas as suas manifestações (científica, técnica, ideológica, política, artística, etc.), reflete estes desenvolvimentos. O fato de este reflexo não ser linear nem simples, mas extremamente complexo, não anula o nexo lógico que vai da prática às idéias, desde que a análise pretenda fornecer uma explicação consistente da origem das idéias. Caso se negue o nexo lógico proposto por Marx, deve-se necessariamente postular que as idéias têem uma origem externa à prática humana objetiva, o que constituirá uma forma de idealismo. O conflito ao qual Marx se refere nos momentos que precedem uma mudança qualitativa da estrutura social resultam de um conflito, na esfera da consciência social originado de um salto qualitativo no nível do desenvolvimento técnico (prática natural).

Estes enunciados de Marx deram origem a formas de interpretação do significado real das suas idéias que constituíram a base de controvérsias significativas no campo marxista. Mencione-se apenas o problema expresso no determinismo mecanicista que se passou a atribuir à teoria de Marx, por um lado na interpretação da chamada relação base-superestrutura, e por outro na suposta inevitabilidade do socialismo, abordada por exemplo em artigo relativamente recente (Paula, 1994). À parte a qualidade inegável da sua abordagem, parece-me que algumas das suas conclusões, para serem válidas, teriam que ser precedidas por uma especificação mais rigorosa dos conceitos da teoria de Marx com os quais trabalha e dos eventos com os quais os ilustra . Assim, Paula avalia como ‘determinismo vertiginoso’ a sequência lógica que conduz à revolução social, que se procurou sintetizar nos parágrafos anteriores, postulando a necessidade de reservar um lugar para outros fatores, como por exemplo a indeterminação e a subjetividade do indivíduo. Tendo-se em mente o caráter da elaboração teórica representada pelo concreto pensado, já exposto, construído com base em abstrações, os elementos apontados por Paula não conflitam necessariamente com a estrutura da teoria de Marx. Assim, o método da abstração implica eliminar muito do que se pode denominar indeterminado, sem constituir um erro técnico, e a subjetividade só seria conflitante com o enfoque de Marx caso se atribuísse a ela a capacidade de gerar conceitos desvinculados da atividade prática, natural e social, do ser humano. Mas falta especificação mais precisa para validar qualquer conclusão. Estes são problema abertos ao debate, para o qual espero que o presente artigo forneça alguns elementos relevantes.

Conclusão

Procurou-se neste artigo expor a estrutura lógica básica das concepções de Marx sobre a origem das idéias - ou da esfera do pensamento - e sobre o processo da sua mudança ao longo da evolução histórica. Esta exposição colocou em evidência, ao mesmo tempo, as implicações da concepção filosófica materialista de Marx sobre o processo de geração das idéias de modo geral, sem ter sido necessário introduzir definições doutrinárias inócuas.

A exposição procurou destacar o nexo causal existente entre as atividades práticas do ser humano - nas suas relações combinadas com a natureza e uns com os outros em sociedade - e a sua atividade mental, através da qual reproduz o mundo material, sobre o qual age, como uma totalidade do pensamento. Este princípio, aplicado à economia, permite tornar mais preciso o significado dos enunciados de Marx no seu texto O método da economia política. Através do detalhamento das implicações das relações abstrato/concreto, expostas por Marx, procurou-se definir mais rigorosamente a concepção de Marx sobre o processo de formulação das teorias econômicas e, em seguida, sobre o processo da sua evolução histórica, paralelamente à evolução das formas de organização ou modos de produção.


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Fonte: http://www.thinkmedia.com.br/ufpr/#2000 texto 11/2000