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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Centralização de Capitais - Potencial do setor [etanol] deve acelerar processo de fusão de empresas

São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2010

JOSÉ CARLOS GRUBISICHESPECIAL PARA A FOLHA

O setor bioenergético brasileiro passa por importante transformação. A produção de etanol a partir da cana-de-açúcar -energia limpa, renovável e competitiva- está na agenda global de sustentabilidade e traz um cenário novo, promissor e positivo.Prova disso é a chegada de novos "players", como grandes operadores agrícolas e empresas petrolíferas.Desde 2008, vê-se operações emblemáticas de redesenho do setor, como as associações entre a Cosan e a NovaAmerica, a francesa Louis Dreyfus e a Santelisa Vale, seguida por Bunge e Moema, Shell e Cosan e pela combinação de ativos da ETH Bioenergia com a Brenco. Sem falar na recente negociação entre Petrobras e Açúcar Guarani.Esse movimento deve se intensificar, com a consolidação de empresas com escala, tecnologia e grande capacidade de investimentos e confirma a atratividade do negócio e o forte potencial de crescimento do mercado internacional para esse combustível.A civilização do petróleo cede espaço para fontes de energia limpas e renováveis, graças ao reconhecimento de que estas últimas reduzem as emissões de CO2 e provocam efeitos positivos no clima.Além disso, a produção brasileira de etanol traz ganhos expressivos de competitividade, com melhor eficiência nas áreas agrícola e industrial.O mundo reconhece que a tecnologia brasileira para a produção de energia de biomassa é uma das soluções para um mercado competitivo e sustentável.O recente reconhecimento da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, de que o etanol de cana-de-açúcar é um combustível avançado, e a aprovação, pelo Conselho de Qualidade do Ar do Estado da Califórnia (Carb), da regulamentação do Padrão de Combustível de Baixa Emissão de Carbono (LCFS) devem beneficiar a entrada do etanol brasileiro nos EUA.A LCFS torna obrigatória, na Califórnia, a redução em 10% das emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, até 2020.O Japão também vê no etanol de cana-de-açúcar uma solução para reduzir a emissão de CO2 e sua dependência em relação a combustíveis fósseis. O governo japonês trabalha em um projeto para aumentar para até 10% a mistura de etanol na gasolina até 2020, o que criaria um mercado potencial de até 6 bilhões de litros para o etanol produzido no Brasil.Essa transformação no cenário internacional pode abrir uma nova fase de crescimento para os investimentos no setor, estimados em R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos, além de gerar empregos qualificados.Chegou o momento de vencer as restrições comerciais internacionais e levar a discussão da produção de etanol para a agenda energética mundial.

JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia.


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2805201013.htm

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Concorrência entre capitais (C x C) com base na inovação

26/05/2010-16h45

Apple supera a Microsoft e se torna a maior empresa de tecnologia


A Apple, fabricante do IPod, IPhone e IPad, ultrapassou a gigante Microsoft nesta quarta-feira e se tornou a maior companhia de tecnologia em valor de mercado, segundo informações do "The New York Times".

As ações da Apple encerraram o dia em queda de 0,45%, dando a empresa um valor de mercado--o número de ações multiplicado por seu valor-- de US$ 222,07 bilhões. Já as ações da Microsoft caíram cerca de 4,07% e a empresa ficou estimada em US$ 219,18 bilhões.

Segundo o jornal, a mudança de liderança é uma das maiores "reviravoltas na história dos negócios", uma vez que a Apple era dada quase como acabada há uma década.

"É a reviravolta mais importante que eu vi ocorrer no Vale do Silício [centro da tecnologia nos EUA]", afirmou Jim Breyer, um investidor de risco.

O valor da ação da Apple é dez vezes maior que há dez anos, quando a empresa começou a lucrar com a revolução que gerou no setor de eletrônicos com produtos estilosos como iPod, iPhone e notebooks MacBook.

Já a Microsoft, que produz o sistema operacional usado em 90% dos computadores do mundo, o Windows-- não conseguiu o mesmo sucesso para suas ações. Suas ações caíram cerca de 18% na comparação com o preço de 10 anos atrás.

A Apple, que teve dificuldade durante muitos anos para popularizar seus produtos, aceitou um investimento de US$ 150 milhões da Microsoft em 1997 para se manter.

A Apple é agora a segunda maior empresa entre as companhias que integram o índice Standard & Poor's 500 em valor de mercado, atrás apenas do grupo de energia Exxon Mobil.

Com a Reuters

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/741126-apple-supera-a-microsoft-e-se-torna-a-maior-empresa-de-tecnologia.shtml

Centralização de Capitais

São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2010


Carlos Slim vai fundir Embratel e Claro
Dono das duas empresas quer consolidar suas operações e gerar economia para enfrentar a concorrência futura


Negócio deverá ser concretizado em dois meses; junção deve gerar até 30% de economia de custo
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

O bilionário mexicano das telecomunicações Carlos Slim decidiu fundir a Embratel (telefonia fixa) e a Claro (telefonia móvel).
A Folha apurou que a mudança ocorrerá em dois meses, no máximo, e que o atual presidente da Embratel, José Formoso Martínez, deverá assumir a nova empresa.
O negócio também depende de aprovação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Há outros nomes na disputa pelo comando da nova companhia, como o do presidente da Claro, João Cox. Mas Slim prefere Martínez.
A reestruturação do grupo do empresário mexicano no Brasil é reflexo de uma mudança que começou no exterior. Em janeiro, a América Móvil comprou a Carso, holding que controla a Telmex México e Internacional. Todas elas são de Slim.
Essa modificação acionária entre as empresas já tinha colocado Embratel, Claro e parte da Net debaixo do guarda-chuva da América Móvil.
Agora, Slim quer consolidá-las em uma única empresa no país, a América Móvil, para ganhar eficiência e reduzir gastos.
Cálculos iniciais indicam que a sinergia (economia de custo) entre as duas operadoras poderia ficar entre 20% e 30%, acima da média.
A Oi disse que teria sinergia de 20% na compra da Brasil Telecom, mas ainda não atingiu essa meta. A TIM teve 15% com a Intelig. A Vivo passou a economizar R$ 1 bilhão por ano após a integração acionária de suas operadoras.
Com a fusão entre Claro e Embratel, será possível ampliar o compartilhamento de infraestrutura e oferecer pacotes de telefonia integrados.
Também será mais fácil conseguir crédito com juros mais baixos devido ao porte da nova companhia.

CONSOLIDAÇÃO
A Folha apurou com pessoas próximas a Slim que o empresário mexicano está descontente com os resultados exibidos pelo grupo no Brasil e decidiu reestruturá-lo para enfrentar a concorrência da Vivendi, da Telefónica e da Portugal Telecom.
Esses grupos deverão ficar mais agressivos, principalmente na telefonia celular, a partir de 2011. Os franceses, por exemplo, estão com apetite para levar as frequências de 3G que serão leiloadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ainda neste ano.
Os resultados das empresas de Slim no Brasil são considerados positivos pelos analistas, mas ele quer mais.
A Claro, por exemplo, ultrapassou a TIM em clientes, mas ainda não conseguiu partir para cima da Vivo. A Net lidera em seu ramo, mas os dividendos não podem ser apropriados integralmente.
Isso porque, pela lei do cabo -que regula os negócios da Net-, estrangeiros só podem deter 49% das empresas do ramo no país. Hoje quem controla a Net é a Globo.

TV PAGA
A Folha apurou que está nos planos da América Móvil adquirir o controle da Net. Para isso, é preciso que o Congresso Nacional aprove o PL 29, projeto de lei que permitirá a presença de estrangeiros como controladores de empresas de telecomunicações no país.
As chances de isso ocorrer neste ano são remotas. Além disso, as empresas de TV paga fazem pressão contra a votação desse projeto, que também permitirá a entrada das teles no mercado de TV paga.
Elas querem que sejam impostas restrições à atuação das operadoras de telefonia nesse negócio.
Caso o PL 29 seja aprovado, Slim pretende fechar o capital da Net e colocá-la sob o guarda-chuva da América Móvil. Dessa forma, seria possível oferecer pacotes "quadriple-play" (telefonia fixa, móvel, internet e TV paga) e ganhar mercado.
Consultadas, as empresas envolvidas negaram-se a comentar o assunto.


fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2605201002.htm

Lei Geral da Acumulação - Síntese

Objetivo do capítulo: tratar da influência que o crescimento do capital exerce sobre o destino da classe trabalhadora

Categorias chaves: a composição do capital e sua participação no processo de acumulação

Premissas:
i)a composição do capital tem de ser compreendida em duplo sentido. Da perspectiva de valor (capital constante e variável) – composição valor; e da perspectiva da matéria (força de trabalho e meios de produção) - composição técnica;
ii)os numerosos capitais aplicados individuais aplicados em determinado ramo de produção têm entre si composição diferenciada. A média de suas composições individuais dá-nos a composição do capital global desse ramo da produção. Por fim, a média global das composições médias de todos os ramos da produção dá-nos a composição do capital social de um país, e apenas dessa é que, em última instância, há de se falar em seguida;

Constituição do capítulo: 1 – Demanda crescente de força de trabalho com a acumulação, com composição constante do capital;
a) determinada massa de meios de produção ou de capital constante requer, sempre, a mesma massa de FT para ser posta em movimento → cresce a demanda de trabalho e o fundo de subsistência dos trabalhadores proporcionalmente ao capital, e tanto mais rapidamente quanto mais cresce o capital;
b)salários maiores para os trabalhadores resulta em ampliação do consumo, das condições de bem de estar e , até, a possibilidade de constituir um pequeno fundo de reserva em dinheiro. Mas tais condições não superam a relação de dependência e a exploração do assalariado;
c) o aumento de trabalho significa, no melhor dos casos, apenas diminuição quantitativa do trabalho não pago que o trabalhador tem de prestar. Essa diminuição nunca pode ir até o ponto em que ela ameace o próprio sistema;
d)Caso o aumento do trabalho comprometa a acumulação, esta decresce. Mas, com seu decréscimo desaparece a causa do seu decréscimo, ou seja, a desproporção entre capital e força de trabalho explorável
e)A grandeza da acumulação é a variável independente; a grandeza do salário, a dependente, e não o contrário;

2 – Decréscimo relativo da parte variável do capital com o progresso da acumulação e da concentração que a acompanha;
a) o desenvolvimento social da produtividade do trabalho social se torna a mais poderosa alavanca da acumulação;
b) o acréscimo dos meios de produção implica no decréscimo da massa de trabalho proporcionalmente (mudança na composição técnica);
c) diferença entre concentração e centralização de capitais;
d) concorrência e crédito as duas mais poderosas alavancas da centralização

3 – Produção progressiva de uma superpopulação relativa ou exército industrial de reserva;
a) com o decréscimo relativo de sua componente variável, aparece inversamente com o crescimento absoluto da população trabalhadora sempre mais rápido do que do capital variável ou de seus meios de ocupação;
b) em todas as esferas, o crescimento da parte variável do capital, e portanto do número de trabalhadores ocupados, está sempre ligado a fortes flutuações e à produção transitória de superpopulação, quer assuma esta agora a forma mais notável de repulsão de trabalhadores já ocupados, quer a menos aparente, mas não menos efetiva, de absorção dificultada da população trabalhadora adicional pelos canais costumeiros;
c) salário x exército industrial de reserva

4 – Diferentes formas de existência da superpopulação relativa.
a) A superpopulação relativa existe em todos os matizes possíveis. Todo trabalhador faz parte dela durante o tempo em que está desocupado parcial ou inteiramente. De uma forma geral ela possui três formas: líquida (fluente), latente e estagnada.

a.1) superpopulação relativa líquida (fluente)
no centro da indústria moderna os trabalhadores são ora repelidos, ora atraídos em maior proporção, de modo que, ao todo, o número de ocupados cresce, ainda que em proporção sempre decrescente em relação à escala da produção. - Trabalhadores em idade ativa para o trabalho;

a.2) superpopulação relativa latente
Parte da população rural encontra-se continuamente na iminência de transferir-se para o proletariado urbano ou manufatureiro (…) fluxo constante para as cidades pressupõe uma contínua superpopulação latente no próprio campo, cujo volume só se torna visível assim que os canais de escoamento se abram excepcionalmente de modo amplo

a.3) superpopulação relativa estagnada
ocupações completamente irregular. Ela proporciona ao capital um reservatório inesgotável de FT disponível. Sua condição de vida cai abaixo do nível normal médio da classe trabalhadora, e exatamente isso faz dela uma base ampla para certos ramos de exploração do capital . É caracterizada pelo máximo do tempo de serviço e mínimo de salário. Sob a rubrica do trabalho domiciliar, já tomamos conhecimento de sua principal configuração. Ela absorve continuamente os redundantes da grande indústria e da agricultura e notadamente também de ramos indústriais decadentes, em que o artesanato é vencido pela manufatura e esta última pela produção mecanizada. Este tipo de população constitui, também, um elemento auto-reprodutor e auto-perpetuador da classe operária, que tem participação proporcionalmente maior em seu crescimento do que os demais elementos

pauperismo
Abstraindo vagabundos, deliquentes, prostitutas, essa camada social consiste em 3 categorias. Primeiro os aptos para o trabalho.
Segundo os órfãos e crianças indigentes
Terceiro os degradados, maltrapilhos, incapacitados para o trabalho
O pauperismo constitui o asilo para inválidos do exército ativo de trabalhadores e o peso morto do exército industrial de reserva. Sua produção está incluída na produção da superpopulação relativa, sua necessidade na necessidade dela, e ambos constituem uma condição de existência da produção capitalista e do desenvolvimento da riqueza. Ele pertence aos falsos custos da produção capitalista que, no entanto, o capital sabe transferir em grande parte de si mesmo para os ombros da classe trabalhadora e da pequena classe média
Quanto maiores a riqueza social, o capital em funcionamento, o volume e a energia de seu crescimento, portanto, também a grandeza absoluta do proletariado e a força produtiva de seu trabalho, tanto maior o exército industrial de reserva.
A lei geral da acumulação capitalista ocasiona uma aumulação de miséria correspondente à acumulação de capital. A acumulação da riqueza num pólo é, portanto, ao mesmo tempo, a acumulação da miséria, tormento de trabalho, escravidão, ignorância, brutalização e degradação moral no pólo oposto, isto é, do lado da classe que produz seu próprio produto como capital.

Crise ecológica, capitalismo, altermundialismo:um ponto de vista ecossocialista



Michael Löwy


Meio Ambiente| 24/05/2010 |



Os ecologistas se enganam se crêem poder abrir mão da crítica de Marx ao capitalismo: uma ecologia que não leve em conta a relação entre “produtivismo” e lógica do lucro está destinada ao fracasso – ou pior, à sua recuperação pelo sistema. Os exemplos não faltam... A ausência de uma postura anticapitalista coerente levou a maior parte dos partidos verde europeus – França, Alemanha, Itália, Bélgica – a tornar-se simples parceiro “ecoreformista” da gestão social-liberal do capitalismo pelos governos de centro-esquerda. O artigo é de Michael Löwy e integra o n° 14 da revista Margem Esquerda.


Grandezas e limites da ecologia

A grande contribuição da ecologia foi e continua sendo nos fazer tomar consciência dos perigos que ameaçam o planeta como consequência do atual modelo de produção e consumo. O crescimento exponencial das agressões ao meio ambiente e a ameaça crescente de uma ruptura do equilíbrio ecológico configuram um quadro catastrófico que coloca em questão a própria sobrevivência da vida humana. Estamos diante de uma crise de civilização que exige mudanças radicais.

Os ecologistas se enganam se crêem poder abrir mão da crítica marxiana do capitalismo: uma ecologia que não leve em conta a relação entre “produtivismo” e lógica do lucro está destinada ao fracasso – ou pior, à sua recuperação pelo sistema. Os exemplos não faltam... A ausência de uma postura anticapitalista coerente levou a maior parte dos partidos verde europeus – França, Alemanha, Itália, Bélgica – a tornar-se simples parceiro “ecoreformista” da gestão social-liberal do capitalismo pelos governos de centro-esquerda.

Considerando os trabalhadores irremediavelmente destinados ao produtivismo, alguns ecologistas ignoram/descartam o movimento operário e inscrevem em suas bandeiras: “nem esquerda, nem direita”.

Ex-marxistas convertidos à ecologia declaram apressadamente “adeus à classe operária” (André Gorz), enquanto outros autores (Alain Lipietz) insistem na necessidade de abandonar o “vermelho” – isto é, o marxismo ou o socialismo – para aderir ao “verde”, novo paradigma que trará uma resposta a todos os problemas econômicos e sociais.

O ecossocialismo
O que é então o ecossocialismo? Trata-se de uma corrente de pensamento e ação ecológicos que toma como suas as aquisições fundamentais do marxismo – ao mesmo tempo que se livra de seus entulhos produtivistas.

Para os ecossocialistas a lógica do mercado e do lucro – bem como aquela do defunto do autoritarismo burocrático, o “socialismo real” – são incompatíveis com as exigências de preservação do meio ambiente. Ao mesmo tempo que criticam a ideologia das correntes dominantes do movimento operário, eles sabem que os trabalhadores e suas organizações são uma força essencial para uma transformação radical do sistema e para a construção de uma nova sociedade socialista e ecológica.

Essa corrente está longe de ser politicamente homogênea, mas a maior parte de seus representantes compartilha alguns temas. Rompendo com a ideologia produtivista do progresso – em sua forma capitalista e/ou burocrática – e oposta à expansão ao infinito de um modo de produção e consumo destruidor da natureza, o ecossocialismo representa uma tentativa original de articular as ideias fundamentais do socialismo marxista com as contribuições da crítica ecológica.

O raciocínio ecossocialista se apoia em dois argumentos essenciais:

1) o modo de produção e consumo atual dos países capitalistas avançados, fundado sobre uma lógica de acumulação ilimitada (do capital, dos lucros, das mercadorias), desperdício de recursos, consumo ostentatório e destruição acelerada do meio ambiente, não pode de forma alguma ser estendido para o conjunto do planeta, sob pena de uma crise ecológica maior. Segundo cálculos recentes, se o consumo médio de energia dos EUA fosse generalizado para o conjunto da população mundial, as reservas conhecidas de petróleo seriam esgotadas em 19 dias. Esse sistema está, portanto, necessariamente fundado na manutenção e agravamento da desigualdade entre o Norte e o Sul;

2) de qualquer maneira, a continuidade do “progresso” capitalista e a expansão da civilização fundada na economia de mercado – até mesmo sob esta forma brutalmente desigual – ameaça diretamente, a médio prazo (toda previsão seria arriscada), a própria sobrevivência da espécie humana, em especial por causa das consequências catastróficas da mudança climática.

A racionalidade limitada do mercado capitalista, com seu cálculo imediatista das perdas e lucros, é intrinsecamente contraditória com uma racionalidade ecológica, que leve em conta a temporalidade longa dos ciclos naturais.

Não se trata de opor os “maus” capitalistas ecocidas aos “bons” capitalistas verdes: é o próprio sistema, fundado na competição impiedosa, nas exigências de rentabilidade, na corrida pelo lucro rápido, que é destruidor dos equilíbrios naturais. O pretenso capitalismo verde não passa de uma manobra publicitária, uma etiqueta buscando vender uma mercadoria, ou, no melhor dos casos, uma iniciativa local equivalente a uma gota-d’água sobre o solo árido do deserto capitalista.

Contra o fetichismo da mercadoria e a autonomização reificada da economia pelo neoliberalismo, o que está em jogo no futuro para os ecossocialistas é pôr em prática uma “economia moral” no sentido dado por Edward P. Thompson a este termo, isto é, uma política econômica fundada em critérios não monetários e extraeconômicos: em outras palavras, a reconciliação do econômico no ecológico, no social e no político.

As reformas parciais são totalmente insuficientes: é preciso substituir a microrracionalidade do lucro pela macrorracionalidade social e ecológica, algo que exige uma verdadeira mudança de civilização . Isso é impossível sem uma profunda reorientação tecnológica, visando a substituição das fontes atuais de energia por outras não poluentes e renováveis, como a eólica ou solar . A primeira questão colocada é, portanto, a do controle sobre os meios de produção e, principalmente, sobre as decisões de investimento e transformação tecnológica, que devem ser arrancados dos bancos e empresas capitalistas para tornarem-se um bem comum da sociedade.

Certamente, a mudança radical se relaciona não só com a produção, mas também com o consumo. Entretanto, o problema da civilização burguês-industrial não é – como muitas vezes os ecologistas argumentam – “o consumo excessivo” pela população e a solução não é uma “limitação” geral do consumo, sobretudo nos países capitalistas avançados. É o tipo de consumo atual, fundado na ostentação, no desperdício, na alienação mercantil, na obsessão acumuladora, que deve ser colocado em questão.

Ecologia e altermundialismo
Sim, nos responderão, é simpática essa utopia, mas por enquanto é preciso ficar de braços cruzados? Certamente não! É preciso lutar por cada avanço, cada medida de regulamentação, cada ação de defesa do meio ambiente. Cada quilômetro de estrada bloqueado, cada medida favorável aos transportes coletivos é importante; não somente porque retarda a corrida em direção ao abismo, mas porque permite às pessoas, aos trabalhadores, aos indivíduos se organizar, lutar e tomar consciência do que está em jogo nesse combate, de compreender, por sua experiência coletiva, a falência do sistema capitalista e a necessidade de uma mudança de civilização.

É nesse espírito que as forças mais ativas da ecologia estão engajadas, desde o início, no movimento altermundialista. Tal engajamento corresponde à tomada de consciência de que os grandes embates da crise ecológica são planetários e, portanto, só podem ser enfrentados por uma démarche resolutamente cosmopolítica, supranacional, mundial. O movimento altermundialista é sem dúvida o mais importante fenômeno de resistência antisistêmica do início do século XXI.

Essa vasta nebulosa, espécie de “movimento dos movimentos” que se manifesta de forma visível nos Fóruns Sociais – regionais e mundiais – e nas grandes manifestações de protesto – contra a Organização Mundial do Comércio (OMC), o G8 ou a guerra imperial no Iraque – não corresponde às formas habituais de ação social ou política. Ampla rede descentralizada, ele é múltiplo, diverso e heterogêneo, associando sindicatos operários e movimentos camponeses, ONGs e organizações indígenas, movimentos de mulheres e associações ecológicas, intelectuais e jovens ativistas. Longe de ser uma fraqueza, essa pluralidade é uma das fontes da força, crescente e expansiva, do movimento.

Pode-se afirmar que o ato de nascimento do altermundialismo foi a grande manifestação popular que fez fracassar a reunião da OMC em Seattle, em 1999. A cabeça visível desse combate era a convergência surpreendente de duas forças: turtles and teamsters, ecologistas vestidos de tartarugas (espécie ameaçada de extinção) e sindicalistas do setor de transportes. Portanto, a questão ecológica estava presente, desde o início, no coração das mobilizações contra a globalização capitalista neoliberal. A palavra de ordem central desse movimento, “o mundo não é uma mercadoria”, visa também, evidentemente, o ar, a água, a terra, isto é, o ambiente natural, cada vez mais submetido aos ditames do capital.

Podemos afirmar que o altermundialismo comporta três momentos: 1) o protesto radical contra a ordem existente e suas sinistras instituições: o FMI, o Banco Mundial, a OMC, o G8; 2) um conjunto de medidas concretas, propostas passíveis de serem imediatamente realizadas: a taxação dos capitais financeiros, a supressão da dívida do Terceiro Mundo, o fim das guerras imperialistas; 3) a utopia de um “outro mundo possível”, fundado sobre valores comuns como liberdade, democracia participativa, justiça social e defesa do meio ambiente.

A dimensão ecológica está presente nesses três momentos: ela inspira tanto a revolta contra um sistema que conduz a humanidade a um trágico impasse, quanto um conjunto de propostas precisas – moratória sobre os OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), desenvolvimento de transportes coletivos gratuitos –, bem como a utopia de uma sociedade vivendo em harmonia com os ecossistemas, esboçada pelos documentos do movimento. Isso não quer dizer que não existam contradições, fruto tanto da resistência de setores do sindicalismo às reivindicações ecológicas, percebidas como uma “ameaça ao emprego”, quanto da natureza míope e pouco social de algumas organizações ecológicas. Mas uma das características mais positivas dos Fóruns Sociais, e do altermundialismo em seu conjunto, é a possibilidade do encontro, debate, diálogo e da aprendizagem recíproca de diferentes tipos de movimentos.

É preciso acrescentar que o próprio movimento ecológico está longe de ser homogêneo: é muito diverso e contem um espectro que vai desde ONGs moderadas habituadas ao lobby como forma de pressão, até os movimentos combativos inseridos num trabalho de base militante; da gestão “realista” do Estado (no nível local ou nacional) às lutas que colocam em questão a lógica do sistema; da correção dos “excessos” da economia de mercado às iniciativas de orientação ecossocialista.

Essa heterogeneidade caracteriza, diga-se de passagem, todo o movimento altermundialista, mesmo com a predominância de uma sensibilidade anticapitalista, sobretudo na América Latina. É a razão pela qual o Fórum Social Mundial, precioso lugar de encontro – como explica tão bem nosso amigo Chico Whitaker – onde diferentes iniciativas podem fincar raízes, não pode se tornar um movimento sociopolítico estruturado, com uma “linha” comum, resoluções adotadas por maioria etc.

É importante sublinhar que a presença da ecologia no “movimento dos movimentos” não se limita às organizações ecológicas – Greenpeace, WWF, entre outras. Ela se torna cada vez mais uma dimensão levada em conta, na ação e reflexão, por diferentes movimentos sociais, camponeses, indígenas, feministas, religiosos (Teologia da Libertação).

Um exemplo impressionante dessa integração “orgânica” das questões ecológicas por outros movimentos é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que, com seus camaradas da rede internacional Via Campesina, é um dos pilares do Fórum Social Mundial e do movimento altermundialista. Hostil desde sua origem ao capitalismo e sua expressão rural, o agronegócio, o MST integrou cada vez mais a dimensão ecológica no seu combate por uma reforma agrária radical e um outro modelo de agricultura. Durante a celebração do vigésimo aniversário do movimento, no Rio de Janeiro em 2005, o documento dos organizadores declarava: nosso sonho de “um mundo igualitário, que socialize as riquezas materiais e culturais”, um novo caminho para a sociedade, “fundado na igualdade entre os seres humanos e nos princípios ecológicos”.

Isto se traduziu nas ações – por diversas vezes à margem da “legalidade” – do MST contra os OGMs, o que é tanto um combate contra a tentativa das multinacionais – Monsanto, Syngenta – de controlar totalmente as sementes, submetendo os camponeses à sua dominação, como uma luta contra um fator de poluição e contaminação incontrolável do campo. Assim, graças a uma ocupação “selvagem”, o MST obteve em 2006 a expropriação do campo de milho e soja transgênicos da Syngenta Seeds no Estado do Paraná, que se tornou o assentamento camponês Terra Livre. É preciso mencionar também seu enfrentamento às multinacionais de celulose que multiplicam, sobre centenas de milhares de hectares, verdadeiros “desertos verdes”, florestas de eucaliptos (monocultura) que secam todas as fontes d’água e destroem toda a biodiversidade. Esses combates são inseparáveis, para os quadros e ativistas do MST, de uma perspectiva anticapitalista radical.

As cooperativas agrícolas do MST desenvolvem, cada vez mais, uma agricultura biologicamente preocupada com a biodiversidade e com o meio ambiente em geral, constituindo assim exemplos concretos de uma forma de produção alternativa. Em julho de 2007, o MST e seus parceiros do movimento Via Campesina organizaram em Curitiba uma Jornada de Agroecologia, com a presença de centenas de delegados, engenheiros agrônomos, universitários e teólogos da libertação (Leonardo Boff, Frei Betto).

Naturalmente, essas experiências de luta não se limitam ao Brasil, sendo encontradas sob formas diferentes em muitos outros países, não apenas no Terceiro Mundo, constituindo-se numa parte significativa do arsenal combativo do altermundialismo e da nova cultura cosmopolítica da qual ele é um dos portadores.

* * *

O fracasso retumbante da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, de dezembro de 2009, confirma mais uma vez, para quem ainda tinha dúvidas, a incapacidade de governos à serviço dos interesses do capital em enfrentar o problema. Em vez de um acordo internacional obrigatório, com reduções substanciais de emissões de gazes com efeito estufa nos países industrializados – um mínimo de 40% seria necessário – seguida de medidas mais modestas nos países emergentes (China, Índia, Brasil), os Estados Unidos impuseram, com o apoio da Europa e a cumplicidade da China, uma “declaração” completamente vazia, que faz senão reiterar o óbvio : precisamos impedir que a temperatura do planeta suba mais de 2°C.

A única esperança é o movimento social, altermundialista e ecológico, que se expressou em Copenhagen numa grande manifestação de rua – 100 mil pessoas – com o apoio de Evo Morales, cujas declarações anticapitalistas sem ambiguidades foram uma das poucas expressões criticas na conferencia “oficial”. Os manifestantes, assim como o Fórum alternativo KlimaForum, levantaram a palavra de ordem “Mudemos o sistema, não o clima!” Evo Morales convocou um encontro de governos progressistas e movimentos sociais em Cochabamba (abril de 2010) com o objetivo de organizar a luta para salvar a Mãe-Terra, a Pacha-Mama, da destruição capitalista.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16632

segunda-feira, 10 de maio de 2010

GUIA PARA ELABORAÇÃO DO TRABALHO DA II UNIDADE

A elaboração de um trabalho científico é um processo que percorre as seguintes fases:
1 - Escolha do assunto (no nosso caso o assunto já foi escolhido – valor da força de trabalho e jornada de trabalhao, referenciados nas afirmações de Karl Marx);
2 Pesquisa bibliográfica: Uso de bibliotecas, de centros de documentação, consulta a professores, consulta a internet e reflexão sobre os comentários feitos em sala de aula;
3 Documentação crítica: trata-se da leitura e fichamento dos textos escolhidos a partir do seguinte roteiro de leitura:
A) Verifique quem é o autor? (identifique dados bibliográficos, personalidade, ambiente, se possível);
B) Identifique os objetivos de cada texto e veja as convergências e divergências entre eles
C) Perceba a argumentação apresentada pelos autores e faça as devidas comparações. Para construir o texto o autor lança mão de vários recursos. Ele pesquisa, compara, usa um determinado tipo de linguagem, ilustra, enfim, em toda obra é possível perceber o procedimento metodológico utilizado pelo autor. Assim sendo, você deverá descrever quais os procedimentos metodológicos utilizados pelos autores para elaborar seus respectivos textos.
D) Registre as principais idéias de cada texto. Não basta citar os títulos das seções, deve sintetizar o conteúdo das idéias e categorias apresentadas. Contudo, a atividade não consiste em copiar todo o texto ou maior parte dele. Você deverá destacar as principais idéias e informações, preferencialmente, com suas próprias palavras, utilizando citações (devidamente colocadas), se for sua opção
4) Construção/ Redação: consiste na elaboração do trabalho propriamente dito, deve constar das seguintes partes: introdução, desenvolvimento e conclusão:

INTRODUÇÃO:
é a primeira aparecer no trabalho, mas a última a ser redigida. Deve conter os seguintes tópicos:
1. Expor as razões que levaram você escrever (objetivo do seu texto);
2. Referir-se ao quadro teórico em que se fundamenta o trabalho;
3. Apresentar o “estado da questão” ou formulação do problema e da hipótese;
4. Orientar o leitor sobre o assunto a ser abordado e como esse assunto vai ser trabalhado (metodologia que você utilizou).

DESENVOLVIMENTO:
para redigir o desenvolvimento é preciso atentar para a lógica da exposição e para as características de todo o trabalho científico escrito: objetividade, clareza, simplicidade.
O desenvolvimento é parte do texto onde você expõe suas idéias. Aqui você deve responder a problemática que guia o seu texto ( no caso deste trabalho, a forma de abordagem da história do pensamento econômico), visando alcançar os objetivos elencados. Para tanto, você deve organizar o texto em partes e itens, mantendo seqüência e coesão na exposição.
Um trabalho científico não consiste em copiar e sim sistematizar as várias visões observadas nos textos de história do pensamento econômico, passo que você deve ter elaborado na fase da documentação crítica.
O método mais usual para confecção do desenvolvimento é o seguinte: exposição do estado da questão (como os textos enfocam a história do pensamento econômico), apresentação das convergências e divergências, para em seguida fazer seus comentários apresentando sua concordância ou não e a respectiva justificativa.

CONCLUSÃO (CONSIDERAÇÕES PESSOAIS):
Aqui, é chegada a hora de você dizer o que pensa sobre a temática do trabalho (a forma de abordagem da história do pensamento econômico). Qual a sua posição sobre os caminhos utilizados pelos autores.
Não basta registrar que o texto é interessante e contribuiu muito para o seu aprendizado. Você tem que registrar o porque ele é ou não interessante e de que forma os textos contribuíram para sua formação.

Os trabalhos deverão ser apresentados no seguinte formato:

Editor de texto
Word do Office 97 ou posterior.

Configuração das páginas
Tamanho do papel: A4 ( 29,7 x 21 cm )
Margens: superior 3 cm
Margens: inferior 2 cm
Margens: esquerda 3 cm
Margens: direita 2 cm
Fonte do texto: Times New Roman, corpo 12
Espaçamentos:1,5 (entre linhas).
Número de páginas: Mínimo de 09 (nove), máximo de 16 (dezesseis), incluindo ilustrações, bibliografia.

CAPA CONTRA-CAPA